segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

DONS ESPIRITUAIS: Entendendo a Diversidade dos Dons (cont.)

2. Como se Classificam
Algumas tentativas têm sido feitas procurando organizar os dons em classes que permitam uma melhor compreensão dos mesmos e de suas funções. O quadro abaixo, apresentado por Zaspel, exemplifica bem isto:
1./Temporário/Permanente
Temporário
Apostolado
Profecia
Conhecimento
Sabedoria
Discernimento de espíritos
Milagres
Curas
Línguas
Interpretação de línguas

Permanente
Evangelistas
Pastor-Mestre
Ensino
Liderança
Governo
Exortação

Contribuição
Socorro
Misericórdia
Serviço

2./De falar/De servir/Sinal

De falar
Apóstolos
Profecia
Evangelização
Pastor-Mestre
Ensino

De servir
Liderança
Governo

Contribuição
Socorro
Misericórdia
Ministério (Serviço)

Sinal
Discernimento de espíritos
Milagres
Curas
Línguas
Interpretação de línguas
Sabedoria
Conhecimento

3.Sustentação/Serviço/Sinal

Sustentação
Apóstolos
Profecia
Evangelização
Pastor-Mestre
Ensino

Serviço
Liderança
Governo
Exortação

Contribuição
Socorro
Misericórdia
Ministério (Serviço)

Sinal
Conhecimento
Sabedoria
Discernimento de espíritos
Milagres
Curas
Línguas
Interpretação de línguas

4./De Fundamento /Sustentação/Serviço/Sinal

Fundamento
Apóstolos
Profetas

Sustentação
Evangelização
Ensino
Pastor-Mestre

Serviço
Liderança
Governo
Exortação

Contribuição
Socorro
Misericórdia
Ministério (Serviço)

Sinal
Sabedoria
Conhecimento
Discernimento de espíritos
Milagres
Curas
Línguas
Interpretação de línguas

Muitas observações podem ser feitas a partir deste quadro. Mas é importante entendermos que tais classificações são tentativas teóricas, ainda que partindo da Bíblia, para entendermos os aspectos funcionais dos dons. Sobre cada tentativa podemos dizer:
a. Que a tentativa de dividir os dons a partir da questão permanência e temporalidade é muito vaga, uma vez que quem estabelece o critério é o teólogo a partir de pressupostos pessoais, ainda que se tente fundamentar em perspectivas bíblicas. Além de vaga, é uma estrutura rígida, que não contempla novos dinamismos do Espírito na vida da Igreja. Por fim, é uma estrutura que nada nos revela sobre a funcionalidade dos dons no corpo de Cristo.
b. Que a divisão tríplice, falar, servir e sinal é uma tentativa boa de classificação, mas se mostra limitada quando vista da perspectiva da funcionalidade dos dons. Por exemplo, a categoria falar serviria exatamente a qual propósito dentro do corpo de Cristo?
c. Que a divisão sustentação, serviço e sinal atende melhor à perspectiva da funcionalidade dos dons, porém, a palavra sustentação incorre no erro de misturar funções diferentes dentro de uma mesma categoria. Não se pode misturar as implicações do ofício apostólico e profético juntamente com os de evangelista, pastor-mestre, pois estes dependem do trabalho daqueles para o seu exercício.
d. Que “a quádrupla divisão de dons de fundamento, sustentação, serviço e sinal reconhece ainda mais a importante distinção entre os dons de fundamento temporários e os outros dons de sustentação que são permanentes, sendo antes uma parte da fase superestruturada da igreja, do que de sua fase fundacional de edificação” (Zaspel). Além disso, esta divisão distingue bem entre o que é o fundamento bíblico-teológico da Igreja (profetas e apóstolos) e aquilo que deve ser o trabalho de edificação/sustentação que decorre deles. Por fim, podemos dizer que esta divisão atende melhor à perspectiva da funcionalidade dos dons dentro do corpo de Cristo.
Portanto, é melhor estudarmos os dons espirituais a partir da quádrupla distinção e as suas implicações para a vida da Igreja.

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