segunda-feira, 11 de agosto de 2008

BÍBLIA: PALAVRA DE DEUS REVELADA À HUMANIDADE

“Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti” (Santo Agostinho, Confissões, 1). Assim descreve Santo Agostinho a odisséia do coração humano em relação a Deus. Odisséia que é percebida em todas as civilizações, em todos os tempos. Conhecer a Deus e desfrutar da sua comunhão, nesta vida e além da morte. Mas como conhecê-lo, como desfrutar da paz que a sua presença nos traz? Ao longo de sua história a humanidade tem respondido a isto de formas diferentes.
A primeira resposta contempla uma relação mística de conhecimento, o qual é alcançado por meio de rituais mágicos, manipulação de elementos da natureza, ou por meio de iniciações esotéricas. Não compreendem, os que buscam a Deus desta forma, que Ele, como Criador de tudo o que há no céu e na terra, transcende a Criação, e que esta pode apenas apontar para a realidade de sua existência e de seu grande poder (Romanos 1.18-23).
A segunda resposta contempla um conhecimento racional de Deus, fruto das observações e elucubrações humanas. Isto se fez sentir de uma forma muito real e forte entre os gregos no desenvolvimento de sua filosofia e também no Iluminismo do século XVIII. A razão humana determinaria a verdade sobre Deus. Esqueceram que o ser humano é criatura limitada em seus raciocínios e corrompidos pelo pecado, vivendo segundo a vaidade de seus pensamentos (Efésios 4.17,18).
Uma terceira resposta nos foi provida pelo próprio Deus: para conhecê-lo é necessário conhecer aquilo que Ele mesmo revela sobre si mesmo e sua vontade aos homens. Somente a auto-revelação divina nos livra do pecado da arrogância que julga ser capaz de manipular o Criador com seus rituais ou com seus sofismas teosóficos.
É por isso que para nós, cristãos, a Bíblia é o livro mais importante do mundo, pois ela se apresenta como revelação do próprio Deus aos homens quando diz que “Toda a Escritura é inspirada (grego theopneustos: soprada, dada) por Deus...” (2 Timóteo 3.16), e como tal, capaz de nos tornar “sábios para a salvação pela fé em Cristo Jesus” e capacitar-nos à perfeita boa obra por meio do ensino, repreensão, correção e educação na justiça” (2 Timóteo 3.14-17). Por isso Jesus nos ensinou: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim”. (Evangelho de João 5.39).
Como testemunha fiel desta verdade, temos o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, o Logos (palavra) encarnado em nossa história o qual cumpriu toda a Escritura para satisfazer a justiça do Pai e nos libertar de todo o pecado que nos impedia de repousar nossos corações em Deus.
Assim, a Bíblia constitui para nós, todos os que cremos no amor salvífico de Jesus, a “única regra de fé e prática” (Confissão de Fé de Westminster, I.2).

sábado, 2 de agosto de 2008

FIRMANDO PROPÓSITOS ESPIRITUAIS PARA UMA VIDA DE SHALOM (III)

“Você tem que me amar, você tem que me amar, você tem que me amarrrrr”. Assim Baby Sauro, do seriado “Família Dinossauro”, se expressava quando se via ameaçado por algo de errado que havia feito. Na verdade, este grito é o grito de todos os corações humanos, pois lidamos constantemente com o medo da rejeição e da indiferença. Todavia, quando amor do outro se torna algo tão importante para nós, ao ponto de não vivermos sem, corremos o risco de nos entregarmos a todo tipo de situação, simplesmente, para não deixarmos de ser amados. Neste caso, o amor que se expressa na necessidade de aceitação do outro se torna para nós um altar idólatra, e sustentar um altar idólatra é muito caro, pois as exigências são muito grandes, às vezes implicando na renúncia da própria dignidade. Quantas pessoas conhecemos que se entregaram à situações humilhantes, simplesmente, porque não podiam conviver com a idéia da rejeição?
Por isso, o único amor capaz de nos trazer segurança é o amor de Deus, pois nos acolhe como somos e pela sua capacidade curadora transforma-nos dia-a-dia à imagem do Criador revelada em Jesus. Porém, para que o coração possa conhecer este amor que transforma e dá nova direção à vida é necessário conduzi-lo à instrução que vem do próprio Deus por meio da Sua Palavra. Por isso, Provérbios diz: “Filho meu, atenta...aos meus ensinamentos...guarda-os no mais íntimo do teu coração. Porque são vida para quem os acha e saúde para o seu corpo” (4.20,21).
O coração que ama, e tem necessidade de ser amado, será conduzido ou pelas emoções ou pela instrução franca da Palavra de Deus. Quando conduzido pelas emoções, ele se assenta num fundamento insólito, volúvel, pois as emoções vão e vem e, às vezes, se transformam num pesadelo. O amor que nossos corações necessitam exige segurança e as emoções não é o melhor lugar para encontrarmos isto, pois têm “data de validade”.
Agora, quando o amor é conduzido pela instrução franca da Palavra de Deus ele encontra a segurança que precisa, pois passa a conhecer os caminhos que deve trilhar, evitando a dor, o medo e a humilhação. A instrução de Deus se torna vida e saúde para todo o corpo.
Isto nos convida a rejeitarmos toda instrução que brote do coração; a rejeitarmos a premissa que diz: “faça aquilo que teu coração tem vontade de fazer”. O coração não é um guia sábio. O coração precisa ser instruído nos caminhos da vida para que de fato saiba o que é amor e não se perca no emaranhado das emoções.
Uma vida de shalom, de paz e bênção de Deus, só será possível se tivermos a coragem de tomarmos as rédeas dos nossos corações, ensinando-lhes o caminho que devem seguir, as decisões que precisam ser tomadas. E este caminho não é outro senão a Palavra de Deus: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz, para os meus caminhos” (Sl 119.105). Que nossa oração neste seja: “Oh Deus, conduz meu coração segundo a tua Palavra, e não permitas que me perca no emaranhado de minhas emoções”.
Uma vida de shalom nos desafia a firmarmos propósitos espirituais que toquem em nossos corações, guardando-os do mal, entregando-os ao amor de Deus e instruindo-os no caminho da vida, a fim de que nossas decisões produzam frutos de alegria e paz, livrando-nos dos “cardos e abrolhos” (Gn 3.18) do pecado. Sh´lom Adonai (a paz do Senhor) seja com tua vida.