sábado, 26 de julho de 2008

SOB A CONDENAÇÃO DE DEUS E DOS HOMENS

A citação abaixo é extraída da obra "Reformed Dogmatics", v.III, de um grande teólogo reformado, Herman Bavinck. Que seja tão provocativo, abençoador e confortante para você, como foi para mim e minha esposa, Jhosy, quando lemos.

"Verdadeiramente não é apenas a Escritura que julga os humanos severamente. Os seres humanos pronunciaram os mais severos e duros julgamentos sobre si mesmos. É sempre melhor cair nas mãos do Senhor do que nas mãos do povo, porque a misericórdia do Senhor é grande. Quando Deus nos condena, Ele, ao mesmo tempo, oferece seu amor perdoador em Cristo, mas, quando as pessoas nos condenam, elas freqüentemente nos expulsam e fazem de nós objeto de escárnio. Quando Deus nos condena, seu juízo é expresso a nós por pessoas – profetas, apóstolos e ministros – que não se elevam a um nível acima de nós, mas se incluem conosco em uma confissão comum de culpa. Em contraste, filósofos e moralistas, menosprezando as pessoas, geralmente se esquecem de que eles também são humanos. Quando Deus condena, ele fala de pecado e culpa que, embora sejam grandes e pesados, podem ser removidos porque não pertencem à essência da humanidade. No entanto, os moralistas freqüentemente falam de tendências animais egoístas que pertencem aos seres humanos em virtude de sua origem e são parte de sua essência. Eles puxam as pessoas para baixo mas não as deixam subir. Se, pela origem, somos animais, por que, então, devemos viver como filhos de Deus?"

FIRMANDO PROPÓSITOS ESPIRITUAIS PARA UMA VIDA DE SHALOM (II)

Do coração procedem as fontes da vida, assim diz Provérbios 4.23. Uma vida de shalom, uma vida de paz que renove e transforme nossas histórias e relacionamentos, depende essencialmente, de sabermos cuidar do nosso coração a fim de evitarmos que suas fontes sejam contaminadas e contaminem a vida que dele jorra em nós. Mas como cuidar de um coração ao qual a Bíblia chama de “enganoso” e “corrupto”?
A psicologia moderna, principalmente na sua vertente de auto-ajuda, tem ensinado as pessoas a cuidarem dos seus corações deixando-os livres para fazerem aquilo que sentem vontade. Numa sociedade hedonista, onde o prazer é senhor que rege as decisões, parece ser sensato permitir ao coração fazer suas escolhas. Com isto, os limites se esvaem e cada um passa a fazer o que melhor lhe parece. Como conseqüência, passamos a conhecer uma sociedade sem rumo, sem perspectiva e que canta e dança com alegria a falta de caráter. Recentemente, em viagem para Fortaleza e Recife, ouvi algumas canções que embalam várias festas pelo país a fora que exaltam a promiscuidade, a embriaguez e o adultério, como se fossem atos nobres. Tudo isto feito em nome da liberdade do coração.
Observe, à medida que permitimos aos nossos corações tomarem decisões por si mesmos nossa sociedade, relacionamentos e vida apenas se afundam num poço profundo de vazio existencial. Por isso, a Bíblia insiste que o coração de fato é “corrupto”, ele ama o que não presta por causa da pecaminosidade que lhe é inerente. Como conseqüência disto, nossa história chafurda num caos profundo de desordem, desrespeito e falta de vergonha.
Como se vê, o caminho para um coração saudável não é dar-lhe o que deseja, mas oferecer-lhe o que ele necessita. E o que nossos corações necessitam é de amor genuíno (não ilusório) e orientação. Disto decorre a necessidade que temos de conhecer o amor de Deus, amor que transforma os nossos corações, nos dá uma nova maneira de sentir e de viver.
Todavia, o amor de Deus só pode ser conhecido a partir do momento que nossos corações lhe são entregues plenamente em confiança, por fé, na certeza de que o nosso Criador tem algo melhor e superior a nos oferecer. Assim, Provérbios insiste: “Filho meu, dá-me o teu coração”. Ou seja, o caminho não é entregar nossos corações àquilo que ele quer, ou deseja, mas entregar ao seu Criador, Aquele que o fez e bem o conhece. Por isso, Agostinho expressou, após ter vivido de tudo o que o pecado lhe oferecia: “Nossos corações só descansarão quando voltarem para ti mesmo, oh Deus, pois o fizeste com o tamanho exato de ti mesmo” (Confissões).
Vida de shalom depende de um coração em paz com Deus, em paz com seu Criador, pois Deus fez nossos corações para Si mesmo, e enquanto fugirmos do Criador somente experimentaremos sensações de paz, deixando de perceber que estas mesmas sensações criam vazios profundos dentro de nós. O que é real e verdadeiro é a paz que encontramos ao encontrarmo-nos com nosso Deus e Salvador, Jesus. Por isso, que nosso desejo seja de voltarmos nossos corações para Deus a fim de sermos curados e abençoados em nossa jornada. Provérbios diz: “Filho meu, dá-me o teu coração”. Que nossa oração por hoje seja: “Pai, eis o meu coração em tuas mãos, cumpre em mim o teu querer”. O querer de Deus e sua orientação entenderemos na próxima reflexão. Que Deus nos abençoe.

sábado, 19 de julho de 2008

FIRMANDO PROPÓSITOS PARA UMA VIDA DE SHALOM

Shalom é uma palavra hebraica muito usada pelos judeus para desejarem toda sorte bênçãos às pessoas a quem se ama. Todavia, shalom implica diretamente estarmos reconciliados com Deus e com o mundo criado por Ele a fim de melhor aproveitarmos as boas coisas que o Senhor nos ofereceu desde a criação.
Entendermos isto é importante para uma melhor compreensão da dinâmica dos nossos sonhos, anseios e expectativas, pois quaisquer que sejam só encontrarão plena satisfação em um coração que esteja em paz com Deus e com o mundo à sua volta.
Provérbios é um livro que tenta orientar-nos quanto a princípios espirituais que nos permitem viver a graça do shalom de Deus, fazendo-nos sábios em nossa jornada. E um dos temas favoritos do livro é o cuidado que precisamos ter com o nosso coração.
Na maioria das vezes quando a Bíblia adverte para termos cuidado com o nosso coração ela faz referência ao cerne de nossas decisões, ou seja, a vontade onde tudo se processa, nossos impulsos, sentimentos e imaginação. Por isso, o cuidado com o coração é essencial, pois nele se processam todas as nossas decisões morais e espirituais que conduzirão nossa vida e que trarão consigo suas conseqüências.
Partindo deste princípio Provérbios 4.23 primeiro adverte: “ Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração”. Este comentário nos lembra que nosso coração requer cuidados especiais, que precisa ser protegido, pois é suscetível a inúmeras situações que podem enganá-lo e machucá-lo. E uma vez enganado ou machucado o nosso coração nos conduz a um poço profundo de tristeza, amargura e solidão, roubando-nos a alegria de viver.
Guardar o coração implica em cuidado especial, mas também implica em limites. O coração é, por natureza, carente: carente de Deus e carente de alguém com quem compartilhar a jornada da vida. Por isso, nos permitimos, muitas vezes, experimentar coisas novas como uma forma de suprir carências mais profundas dentro de nós, e quando isto é guiado pelo coração inevitavelmente nos machucamos.
Infelizmente nossa sociedade pensa diferente desta orientação bíblica, dizendo-nos que devemos seguir e fazer aquilo que o nosso coração deseja, aquilo que lhe dá prazer. Não percebem que muitas vezes reprimimos nossos impulsos e desejos por sabermos que são maus. Quantas vezes já sentimos vontade de descarregar ira sobre alguém, ou mesmo agredir, como forma de estravasar nossos temores, inseguranças ou mágoas? Todavia, por várias vezes reprimimos tais atos por entendermos que o desejo do coração só nos machucaria mais.
Provérbios 4.23 não nos ensina que nossos corações são nossos guias, antes pelo contrário, nos ensina a guiá-los, orientá-los. Mas tudo isto tem uma preocupação: é do nosso coração que procedem, brotam, as fontes da vida. Assim, o cuidado e os limites devem ser efetivos e claros para que as fontes da vida não sejam contaminadas e poluídas por sentimentos enganosos que nos conduzem a perdição.
Um coração bem cuidado e protegido fará jorrar em nós alegria perene, shalom de Deus que nos conduzirá em paz com o nosso próprio Criador e com o mundo que Ele criou para sua glória e o nosso próprio bem. Todavia, como cuidar bem do coração e protegê-lo das ciladas da vida? Pensemos sobre isto na próxima reflexão, com a graça de Deus. Por hoje nos basta pedir: “Cria em mim, oh Deus, um coração puro e renova dentro em mim um espírito inabalável” (Sl 51.10), para que minha vida seja uma vida de shalom