domingo, 28 de fevereiro de 2010

Livro: "O amor de Deus derramado em nossos corações"

Amados irmãos e irmãs, foi com alegria e a presença de muitos alunos, ex-alunos, amigos, pastores, membros de minha igreja e da minha família (esposa, filho, mãe), que o livro "O amor de Deus derramado em nossos corações", princípios éticos para a fé cristã, foi lançado. Este livro é publicado pelo Fonte Editorial, sendo o primeiro livro de minha autoria publicado. Caso queiram mais informações sobre o mesmo e como adquiri-lo, é só entrar em contato: airtonwilliams@globo.com Um forte abraço a todos.

A ORIGEM DO OFÍCIO DIACONAL II

Redescobrindo as origens do ofício diaconal
Se Atos 6.1-7 não enfoca a instituição do Diaconato, onde devemos buscá-la? Nesta busca é preciso distinguir duas coisas fundamentais, entre a instituição e a origem.
Quando falamos de Instituição estamos pensando naquele momento em que determinado ofício foi criado, estabelecido no meio da comunidade. Neste sentido é muito difícil nos localizarmos, visto que o Novo Testamento não nos fornece esta resposta.
A única coisa que sabemos é que este ofício já havia assumido proporções eclesiásticas por volta do ano 55 d.C., conforme podemos conferir em Fp 1.1: Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus, inclusive bispos e diáconos que vivem em Filipos... Outra passagem que nos atesta isto é 1 Tm 3.8-13. É interessante notar que as instruções dadas por Paulo nesta passagem vem logo depois das instruções dos bispos, o que poderia indicar um relacionamento entrelaçado destas duas funções .
Mas, se por um lado é difícil demarcar o ponto inicial da Instituição diaconal, por outro é fácil perceber sua origem, podendo esta ser rebuscada em modelos veterotestamentários e difundidos pela vida de Jesus no Novo Testamento.
No Antigo Testamento a expressão servo de Yahweh no livro de Isaías prefigura a ação de Cristo como que um serviço prestado a Deus em favor de suas ovelhas desgarradas (Is 53.6). E de fato isto se cumpre na vida de Cristo. No texto de Filipenses, onde Paulo já havia falado do diaconato (1.1), temos o seguinte testemunho:
Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus, antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo (dou/loutornando-se em semelhança de homens; e reconhecido em figura humana; a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.(Fp 2.5-8)

Observe que Jesus é designado como servo, aquele que veio para servir a humanidade. E esta designação é reforçada pelo próprio Jesus quando da ceia com os seus discípulos conforme registrada em Jo 13.1-17.
Mas o que caracterizou as atividades de Jesus como um ministério diaconal? Basicamente o serviço voluntário e integral para com as pessoas. Mt 4.23-25; 9.35-38 e Lc 6.17-19 nos falam das atividades de Jesus que acudiam tanto as enfermidades da alma quanto do corpo.
Tendo ensinado este serviço desprendido por amor às pessoas Jesus insta com seus discípulos para que também o façam. Mt 20.20-28 nos conta uma história peculiar onde a mãe de Tiago e João pede ao Mestre para que no seu Reino seus filhos pudessem assentar-se ao seu lado, um à direita e outro à esquerda. A resposta de Jesus tipifica todo o espírito do seu ministério e que deveria caracterizar o de seus discípulos:
Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será o vosso servo; tal como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.(vv.25-28).

Os discípulos entenderam posteriormente este mandamento do Senhor, somente depois de sua morte e ressurreição, porém sempre que exerciam suas funções viam a si mesmos como diáconos do Senhor (2 Co 11.23, 1 Tm 4.6).
É óbvio que os apóstolos não se viam exercendo nenhum ofício diaconal, mas entediam suas funções como diaconia.
Entretanto, acredito que de todos os escritores neotestamentários Lucas seja aquele que procura suprir-nos de protótipos diaconais que posteriormente vieram a dar a origem ao diaconato. Em algumas passagens do seu evangelho e de Atos ele faz questão de assinalar atividades diaconais. Estas se dividem de duas formas: atividades diaconais prestadas a Cristo e atividades prestadas à Igreja de Cristo.
 No Evangelho de Lucas encontramos passagens onde os discípulos do Senhor lhes prestam serviço (diaconia) espontaneamente. Eis algumas passagens para nossa reflexão:
Inclinando-se ele para ela, repreendeu a febre, e esta a deixou; e logo se levantou passando a servi-los. (A cura da sogra de Pedro, 4.39);
E voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo, ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta com bálsamo ungiu os meus pés. ( A pecadora que ungiu a Jesus, 7.44-46);
Aconteceu depois disto que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades...as quais lhe prestavam assistência com os seus bens. (8.1,3);
Marta agitava-se de um lado para o outro, ocupada em muitos serviços. Então se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te importas de que minha irmã tivesse deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. (10.40).
Estas passagens são importantes para a nossa reflexão porque espelham um estágio bem posterior dos eventos narrados. Quando Lucas nos conta estas histórias a Igreja já estava estabelecida. É provável que a data de escrita seja entre os anos 75-80 d. C. E isto implica em algo fundamental para a nossa discussão: o termo diaconia já era um termo específico nas comunidades cristãs. Portanto, quando Lucas o usa o faz de forma consciente como que procurando apontar-nos em alguma direção. Particularmente, acredito que ele procura levar-nos aos protótipos do diaconato, demonstrando-nos que o mesmo surgiu, em primeiro lugar, como resposta de amor à diaconia de Cristo.
 Em Atos as atividades diaconais são vistas naqueles que a fazem para o próximo. Eis alguns textos:
Vendiam as suas propriedades e bens , distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. (2.45);
Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes, e depositavam aos pés dos apóstolos; então se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade. (4.34,35);
Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária. Então os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir as mesas. (6.1,2);
Havia em Jope uma discípula, por nome Tabita, nome este que traduzido quer dizer Dorcas; era ela notável pelas boas obras e esmolas que fazia...e todas as viúvas o cercaram, e chorando e mostrando-lhe túnicas e vestidos que Dorcas fizera enquanto estava com elas. (9.36,39);
Morava em Cesasréia um homem, de nome Cornélio, centurião da coorte, chamada a italiana, piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, e que fazia muitas esmolas ao povo e de contínuo orava a Deus. (10.1,2).
A análise destes textos nos leva a algumas conclusões: a) primeira, que as atividades diaconais que no Evangelho é feita para Jesus, agora é feita para os pobres; b) segunda, que esta tarefa se tornou pesada para os apóstolos à medida que a Igreja crescia e que, portanto, precisava ser compartilhada com alguém que fosse responsável pelo serviço, sendo eleitos sete homens; c) terceira, que apesar da diaconia ter sido estruturada em Jerusalém, esta era uma responsabilidade de toda a igreja; d) quarta, que a diaconia era feita com o que havia de melhor e não com as sobras.
Diante disto, podemos dizer que Atos 6 foi a primeira tentativa de se organizar a atividade diaconal da Igreja, não sendo no entanto a origem do diaconato. A origem deste ofício deve ser buscada nestes pequenos serviços, vindo, mais tarde, a ser institucionalizado. Entretanto, vale ressaltar algo muito importante. Vendo estes textos nos parece que a diaconia está associada diretamente com o serviço caritativo sendo este o todo do seu significado. No entanto, se atentarmos em Atos 6.8-15 veremos Estevão, um dos sete anunciando Jesus. Da mesma forma em At 8.4-8 encontramos Filipe proclamando a Cristo, sendo mais tarde chamado de evangelista (21.8).
Observe, então, que a diaconia exercida na Igreja primitiva ia muito além da assistência caritativa, envolvia, também, o serviço a Cristo por meio da proclamação do evangelho.
Isto é confirmado pela Didaqué, um documento produzido pela Igreja primitiva no final do século I d.C., que servia como uma espécie de catecismo para os primeiros cristãos. Neste documento encontramos as seguintes instruções:
Escolham para vocês bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados, porque eles também exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres.
Não os desprezem, porque entre vocês eles têm a mesma dignidade que os profetas e mestres. (Cap. XVI, vv.1,2).

Um último fator a ser considerado no ofício diaconal no Novo Testamento é a responsabilidade daqueles que exerciam a diaconia pelo preparo das reuniões cúlticas e catequéticas, e até mesmo as execuções destas, como podemos depreender de At 16.40; Rm 16.1,2; Fp 4.2,3, e outros. Além disso, é interessante Fp 1.1 e 1 Tm 2.1-13, onde os diáconos vem a seguir dos bispos, demonstrando a íntima relação de atividade entre estes.
Assim, podemos concluir que o ofício diaconal é fruto da organização de diversos ministérios eclesiásticos que com o passar do tempo assumiram caráter oficial na Igreja. Estes ministérios, incluíam desde a assistência caritativa até o ofício cúltico.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Benny Hinn, um Falso Profeta

Amados irmãos e irmãs, a paz de Cristo. O apóstolo Paulo nos adverte seriamente que nos últimos dias a igreja seguiria "ensinos de demônios". Dentre tantos que se infiltraram na igreja de Cristo ensinando demonismo travestido de cristianismo está o falso profeta Benny Hinn. Infelizmente, milhares de pessoas têm sido enganadas por este homem maligno que se utiliza das ambições, avarezas ou desespero das pessoas para lhes incutir ensinamentos do inferno, em nome do pragmatismo. Assim, após assistir os vídeos abaixo e achá-los esclarecedores, decidi publicá-los em meu blog. Que o Senhor te ilumine para discernir a verdade. Um forte abraço. Pr. Airton Williams.




sábado, 20 de fevereiro de 2010

A ORIGEM DO OFÍCIO DIACONAL

Em 1999 fui convidado pela Igreja Presbiteriana do Guará-DF, para proferir as palestras do 1º Simpósio sobre Diaconato. Foi uma experiência muito rica, para mim, estudar este assunto, pois este ofício é muito mal compreendido nas igrejas. Costuma-se ouvir que diácono é uma espécie de zelador da igreja, e neste caso, menosprezam sua importância no corpo de Cristo. Mas há os que supervalorizam, colocando os diáconos na mesma categoria de ofício dos presbíteros/pastores/bispos (termos sinônimos no grego do Novo Testamento). Por causa destes extremos e a necessidade de pontuarmos com clareza a função do ofício diaconal, para o bom andamento do serviço do reino de Deus, decidi postar, por etapas, a palestra que proferi sobre A Origem do Ministério Diaconal. Boa leitura. Pr. Airton Williams
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Quando fui convidado para proferir estas palestras fui surpreendido ao ver entre os tópicos a serem discutidos o da instituição do diaconato. Surpreendido porque desde há muito tempo, na verdade séculos, que esta questão é um ponto pacífico na vida da Igreja.
Por outro lado, fiquei extremamente feliz, pois posso agora rediscutir o assunto tentando propor uma perspectiva diferente na discussão (não que eu seja original, apenas sigo outros exegetas que discordam da leitura tradicional que se tem dado ao assunto). Na verdade acredito que durante todo este tempo cometemos um grande equívoco sobre esta questão. E este equívoco não é daquele tipo indiferente. É minha convicção pessoal que nada tem sido mais prejudicial ao exercício do diaconato do que as bases de sua origem. Prejudicial porque tem limitado ao extremo a ação deste ministério tão importante na vida da Igreja.

Atos dos Apóstolos 6.1-7: um erro de leitura
Provavelmente, desde o século IV, quando do concílio de Neo-Cesaréia (314-325), que o ofício diaconal foi associado à escolha dos sete em At 6. Por ocasião daquela reunião ficou estabelecido que o número de diáconos de uma igreja não poderia exceder a sete, numa relação direta com o texto de Lucas.
A partir de então esta posição passou a fazer parte da tradição da Igreja, sendo aceita até aos dias de hoje sem muito questionamento.
Mesmo no período da Reforma Protestante pouca atenção se deu a isto. Na verdade, os reformadores respaldaram este conceito de origem. Prova disto são as palavras de João Calvino:
Ainda que o nome de diácono tenha um sentido mais amplo, não obstante a Escritura chama especialmente diáconos aqueles que são constituídos pela igreja para distribuir as esmolas e cuidar dos pobres, como seus procuradores. A origem, a instituição e o cargo dos diáconos lhes refere são Lucas nos Atos dos Apóstolos (At 6,3). A causa foi as queixas dos gregos contra os hebreus, porque não eram levadas em conta as viúvas no serviço dos pobres. Os apóstolos, alegando não poderem cumprir por vez com dois ofícios, pedem ao povo que eleja sete homens de boa vida, para que se encarreguem disto.
Eis aqui a missão dos diáconos no tempo dos apóstolos, e como devemos ter-lhes conforme o exemplo da Igreja primitiva (Calvino, João. Institución de la religión cristiana. Vol II, livro 4, capítulo III. Países Baixos: Feliré, 1981. p.843).

Estas palavras de Calvino alimentaram, e continuam alimentando, três grandes equívocos quanto ao ofício diaconal:
 primeiro, que a função dos diáconos é somente a de assistir aos pobres em suas necessidades. É verdade que nas linhas anteriores Calvino distingue duas classes de diáconos, a que se presta à administração dos bens destinados aos pobres e a que assiste aos enfermos e demais necessitados. Porém, como se pode observar, a atuação dos diáconos continua limitada aos fins caritativos;
 segundo, que Atos 6,3 valida tanto a origem como a instituição e o cargo diaconal, servindo de base, então, para as limitações anteriores;
 terceiro, que a missão dos diáconos era entendida assim na Igreja primitiva, sendo, portanto, a base normativa de nossa compreensão.
Talvez você esteja se perguntando, mais por que estas três afirmações são um equívoco? A resposta é simples: porque Atos 6,3 não fala nem ensina nenhuma destas coisas. Na verdade, durante todo este tempo se fez uma leitura errada da razão de ser deste texto lucano. Provavelmente nosso questionamento neste momento seja: mais aonde falhou a leitura?
Acredito que o primeiro problema que ocasionou esta má compreensão texto tenha sido a imposição da nossa ótica sócio-eclesiástica sobre o texto. Este problema tem sido patente de nossa leitura bíblica desde há muito tempo. Nós temos a tendência de lermos a Bíblia a partir de nossa compreensão e conceitos preestabelecidos não permitindo que a mensagem original das Sagradas Escrituras chegue até nós com o mesmo frescor com o qual chegou aos seus leitores originais. Assim sendo, é costume entre nós desrespeitarmos, ou mesmo ignorarmos, os contextos que se impõem no texto tais como cultura, sociologia, eclesiologia e tantos outros que diferem dos nossos. Precisamos entender com urgência que a Bíblia não foi escrita hoje, apesar de sua mensagem permanecer para todo o sempre.
Foi exatamente por causa disto que a origem do diaconato se perdeu dentro da Bíblia sendo estigmatizado como tal um texto isolado de seu Sitz im Leben (ou seja, a situação vivencial motivadora do texto). Como veremos mais a frente, a situação pela qual passava a Igreja de Jerusalém nada tem a ver com o que hoje chamamos de diaconato. No entanto, quando a tradição da Igreja estabeleceu sua estrutura, a definiu, ela esqueceu que seu universo eclesiástico era muito mais amplo do que o universo da Igreja primitiva. Assim, ao invés de ler o texto bíblico a partir do seu ambiente eclesiástico nossa herança reformada impôs a este a sua visão e prática.
Não estou dizendo com isto que os nossos reformadores deturparam o sentido do texto, não. Estou dizendo que eles não tiveram o cuidado, ao lerem o texto, de distinguir entre o seu universo sócio-eclesiástico e o do texto sagrado.
O segundo problema perceptível na leitura de Atos 6 que a nossa tradição enfrentou foi o de possuir um campo semântico muito limitado. Buscando uma base bíblica para respaldar a origem do diaconato os Pais da Igreja, os Reformadores e todos os seus sucessores caíram no erro comum de achar que a presença de uma palavra no texto pudesse garantir a fidelidade das suas interpretações.
Assim foi que, ao lerem o texto de Atos 6 descobriram que ali se falava da eleição de um grupo para servir as mesas. O verbo que aí aparece é DIAKONEO Com isso, logo se pensou estar diante da origem do ofício diaconal.
O problema todo é que o texto não usa um substantivo (o que caracterizaria as pessoas que exercessem a função designada), mas um verbo (que expressa uma ação a ser feita). Em outras palavras, o texto não fala de diáconos, mas de homens que foram escolhidos para suprir um problema que havia surgido na comunidade de Jerusalém.
Outro fator dentro disto que estamos demonstrando é que o uso das palavras diakoneo e diakonia já havia sido feito nos evangelhos, inclusive por Lucas, para designar outras atividades dos discípulos de Jesus (Lc 8.3; 10.40; Mc 1.31; 10.43-45, etc.), e nem por isso temos a apresentação nestes textos de qualquer instituição diaconal.
Pode-se alegar, ainda, que a eleição comunitária e a imposição de mãos encontrada no texto de Atos 6 deixam claro a instituição dos diáconos. Na verdade o que temos aqui são conjecturas muito mal fundamentadas. E isto por duas razões, que me parecem óbvias:
 Primeira, a eleição dentro de uma comunidade não significa necessariamente a designação de um ofício, mas de uma função. E esta pode ser permanente ou temporária. O que o texto de Atos 6 deixa claro é que se trata de um problema circunstancial, portanto, temporário, o que descaracterizaria o aspecto de um oficialato; além disso, uma eleição serve para nos demonstrar, também, o caráter representativo de uma comunidade;
 segunda, a imposição de mãos não estabelece a origem de um ofício; na verdade, ela apenas representa, ou simboliza, a delegação de autoridade, ou poder, para o exercício de uma determinada atividade; e isto pode ser visto claramente no texto de Lucas em Atos 13.3. Temos aqui a separação de Barnabé e Paulo para a obra missionária; observe que o procedimento da Igreja de Antioquia é o mesmo da Igreja de Jerusalém, inclusive valendo-se da mesma fórmula de designação de autoridade para o exercício da função. Compare os textos de At 6.6 e 13.3:

Atos 6.6:
E os apresentaram ante os apóstolos, e este, orando, lhes impuseram as mãos.

Atos 13.3:
Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram

Nos dois textos, a oração e a imposição de mãos se faz presente. O único elemento novo existente é o jejum em At 13.3. No entanto, não podemos dizer que Barnabé e Paulo estavam recebendo ali um novo ofício. O que demonstra que a imposição de mãos está irremediavelmente ligada à delegação de autoridade para a execução de uma obra. E como já dissemos, esta pode ser permanente ou temporária.

Atos 6.1-7: enfocando o problema
Se Atos 6 não fala da instituição dos diáconos do que fala então? Devemos lembrar que Atos 1-7 forma um bloco literário onde Lucas nos apresenta o estabelecimento da Igreja em Jerusalém e a crescente oposição que esta vinha sofrendo (1-5) e a expansão desta, inclusive, entre os judeus de fala grega (1-7).
E é nesta expansão que Lucas nos conta o segundo problema interno enfrentado pela comunidade de Jerusalém (o primeiro problema foi narrado em At 5.1-11: Ananias e Safira). O evangelho cresceu demais e os judeus helenistas também foram alcançados. Porém, não havia uma boa relação entre os judeus palestinenses e os judeus helenistas por questões de pureza. E este mesmo problema continuou existindo na comunidade cristã.
Em Jerusalém esta crise ficou patente quando propositadamente as viúvas helênicas foram desprezadas na distribuição dos alimentos. Em outras palavras, os judeus palestinenses privilegiaram suas viúvas, praticando uma espécie acepção de pessoas.
Lucas procura nos mostrar que crescimento traz alguns problemas de ordem estruturais e que a Igreja deve estar atenta a fim solucioná-los a fim de que continue a crescer. Assim, os apóstolos sugerem a eleição de sete homens que fossem encarregados de reparar este problema e exercessem uma justa distribuição dos alimentos.
Assim sendo, I. Howard Marshall lembra-nos que
Embora o verbo “servir” provenha da mesma raiz do subs. que em português se traduz por “diácono” , é digno de nota que Lucas não se refira aos Sete como sendo diáconos; a tarefa deles não tinha nome formal (Atos: introdução e comentário. São Paulo (SP): Vida Nova, 1988. p.123).

A fim de concluirmos este breve comentário sobre o Sitz im Leben do texto lucano convém observarmos três dados interessantes:
1. Os Sete deveriam possuir qualificações espirituais, o que nos ensina a necessidade de espiritualidade em tudo que fizermos, mesmo naquilo que nos parece ser insignificante;
2. Os Sete foram escolhidos entre aqueles que padeciam da discriminação, o que nos ensina a necessidade de sermos íntimos da aflição do povo de Deus;
3. O número sete deve ter sido concebido da praxe judaica de nomear juntas de sete homens para deveres específicos , o que simbolizava a perfeição, o que nos ensina a necessidade da eficiência em tudo quanto fizermos.
Diante de tudo o que foi exposto é importante ressaltar duas questões a fim de passarmos à discussão da origem do ofício diaconal:
 Acredito que Atos 6.1-7 não fala da instituição diaconal, mas de como a Igreja de Jerusalém lidou com um problema interno de discriminação;
 Isto não significa que o movimento diaconal não possua base bíblica quanto a sua origem, antes pelo contrário, possui bastante, mas como ficamos bitolados a um único texto deixamos de ver a beleza de sua origem e sua conseqüente importância para a Igreja do Senhor Jesus Cristo.

Tendo estabelecido que há um erro de interpretação quanto à origem do diaconato, segundo o Novo Testamento, precisamos olhar para origem e fundamento, de fato, deste ofício (na próxima postagem).

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

DONS ESPIRITUAIS: Conclusão

Apesar de algumas dificuldades no entendimento de certos dons, com toda certeza estes foram dados por Deus, através do Espírito Santo, para abençoar e dinamizar o corpo de Cristo, ajudando-o no cumprimento de sua missão.
Assim, gostaríamos de concluir este estudo chamando a atenção para os benefícios do exercício dos dons de uma forma bíblica e organizada da vida da Igreja.

1. Preservação da unidade do corpo (Ef 4.3; 1 Co 10.17; 1 Co 12.4).
O corpo é edificado quando todos se encaixam em seus devidos lugares, tendo o mesmo valor, “preservando assim a unidade do Espírito”.

2. Maior unidade no amor e no trabalho (1 Co 12.25,26).
O verdadeiro dom espiritual visa o crescimento do corpo, isto é, do meu próximo. Assim, o serviço e o amor se tornam naturalmente altruístas.

3. O corpo de Cristo amadurece e cresce (Ef 4.11-14; Rm 12.3-8).
Lembre-se que todos os dons são de legítima importância para o corpo de Cristo, assim todos se completam, um ao outro; logo, todos se focalizarão em um verdadeiro crescimento, quer seja da ordem espiritual, quer seja de ordem numérica.

4. Deus é glorificado (1 Pe 4.11; Mt 5.16).
Ao exercitarmos “nossos dons”, projetamos a cruz de Cristo, que por sua vez foi projetada em nós, exaltando, assim, Aquele que nos capacita para toda boa obra.
“Somos de Deus, a Ele, pois, dirijamos todos os momentos de nossa vida, como único e legítimo fim” (João Calvino).

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

DONS ESPIRITUAIS: A identificação dos dons nos membros do corpo

Como identificar os dons que Deus tem concedido aos membros do corpo de Cristo? Esta é uma pergunta freqüente. Podemos dizer que na maioria dos casos as pessoas já o sabem, porém:
a. temem em reconhecê-lo, pois isto implica em chamada ao compromisso; ou
b. não têm a oportunidade de exercitá-lo(s) em sua Igreja, criando dúvidas sobre sua realidade em sua vida.

1. Quantos Dons Possuímos como Filhos de Deus?
As capacitações do Espírito Santo na vida de um filho de Deus podem variar bastante. Partimos da premissa que todo filho de Deus, por possuir o Espírito Santo da promessa, tem, pelo menos, um dom em especial com o qual pode e deve servir ao corpo de Cristo e seu reino.
Esta certeza é auferida daquilo que a Palavra de Deus nos ensina em 1 Co 12.7, quando diz que “a manifestação do Espírito é concedida a cada um...”, não isentando ninguém na comunidade de fé, até porque, como vimos, o Espírito não faz acepção de pessoas.
Da mesma forma o apóstolo Pedro nos diz que devemos “servir uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu...” (1 Pe 4.10), deixando claro que cada cristão tem, pelo menos, um dom específico a ser exercido.
Entretanto, à algumas pessoas o Senhor Deus, mediante ação do seu Santo Espírito, capacitou com mais de um dom, visando a glória do seu nome, o crescimento e aperfeiçoamento do seu povo.
Como exemplo desta situação mencionada temos os próprios apóstolos que, além da função apostólica, exerceram funções proféticas, evangelísticas e pedagógicas na Igreja.
Outro exemplo é o caso de Estevão (At 6.8ss), que chamado para “servir às mesas”, também foi profeta e evangelista na comunidade primitiva. Seguindo seu exemplo temos, ainda, Filipe, que também era um dos sete escolhidos para a diaconia às viúvas. Durante a perseguição imposta à Igreja primitiva se tornou um evangelista (At 8.12), tendo também exercido o dom de sinais e milagres (At 8.13).
O Novo Testamento está cheio destes casos de irmãos que exercitaram mais de um dom dentro do corpo de Cristo, mas estes mencionados já nos são suficientes para entendermos que uma pessoa dentro da comunidade pode ter, e geralmente terá, mais de um carisma para abençoar a igreja.
Todavia, devemos ainda mencionar os seguintes aspectos:
a. É tolice, presunção e pecado achar que se tem, ou querer ter, todos os dons. Eles não são dados para exibicionismo e sim para serviço. Por isso, o Espírito Santo os distribui na igreja; o Espírito não os concentra numa única pessoa.
b. Apesar dos cristãos serem dotados, via de regra, com mais de um dom, o número destes dons não extrapola, pelos exemplos das Escrituras, mais do que 2 ou 3 dons. Pode-se ter aptidões para algumas áreas, mas capacitações das quais somos revestidos para servir, são poucas.
c. Os dons que recebemos devem gerar em nós profunda humildade e disposição para o serviço, e não vanglória pessoal. Lembremos do que nos diz Romanos 12.3: Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um.

2. Princípios Bíblicos Norteadores na Identificação dos Dons em Nossas Vidas
Vejamos agora alguns princípios que nos ajudam a identificar o dom, ou dons, que o Espírito Santos nos tem concedido.
a. Orar com fé, pedindo a Deus clareza de sua vontade em nossas vidas e os dons que nos tem dado para melhor servi-lo, bem como a sua Igreja (Mt 7.7,8).
Lembre-se, pois, que cada cristão possui pelo menos um dom (1 Co 12.7), e que você pode estar usando-o sem mesmo saber. Através da oração temos acesso direto a Deus que nos fará saber com clareza o carisma que nos revestiu.
b. Examinar os desejos do coração, pois quando Deus nos capacita com um carisma Ele mesmo coloca em nossos corações o desejo do exercício do dom. Todavia, examinar os desejos do coração implica em examinar as motivações em si, e não o exercício do carisma, pois podemos ser enganados pela vaidade dos nossos corações.
c. Examinar as evidências do dom ou dons em nossas vidas. “Não seja ingênuo como o homem que estava certo de que ele tinha o dom de ensino, mas estava estarrecido porque ninguém parecia ter o dom de escutar!” (Zaspel).
d. Examine as oportunidades e a necessidade da Igreja (At 6.1-7). Pergunte a você mesmo que oportunidades lhe tem sido conferidas para o exercício do seu dom. procure identificar as áreas mais ativas e menos ativas da sua igreja e se no seu coração há disposição ser servir nestas áreas com alegria.
Antes de fazer qualquer crítica aos ministérios em andamento na comunidade pergunte-se se ode fazer melhor do que está sendo feito. Use de bom senso e amor cristão.
e. O padrão de conhecimento do dom é o serviço (Mc 10.43,44; 1 Pe 4.10). É servindo e se dispondo à servir que os dons se revelam em nossas vidas. Para isto:
• Procure se envolver em vários ministérios da sua igreja.
• Procure o conselho de outras pessoas consagradas e experientes na fé.
• Procure um maior desenvolvimento da sua vida cristã e conhecimento bíblico.
• Gaste tempo com pessoas que manifestaram vários dons. Para isto, sugerimos a leitura de boas biografias.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Amor: Essência de Deus

A música abaixo é uma das mais lindas que já ouvi na minha vida. Sempre que a ouço meu coração é profundamente tocado. As letras já fizeram parte da minha num momento especial. Infelizmente, este momento se perdeu por culpa minha, pecado do meu coração. Mas hoje, Deus restaurou as verdades da canção em mim. Assim, te convido a ouvir e orar. Que o Senhor Deus te abençoe ricamente.

DONS ESPIRITUAIS: Os Dons e suas Funções

a. Dons de Fundamento, Apóstolos e Profetas: esses dons não existem mais no sentido que o Novo Testamento os revela, pois a eles cabia a fundamentação bíblico-teológica da caminhada do povo de Deus. Era a principal função daqueles que tinham tal dom a revelação da Palavra de Deus. Daí porque se diz que a Igreja de Cristo se fundamenta nos ensinos dos profetas e apóstolos, sendo ela mesma considerada uma Igreja Apostólica. Podemos encontrar variações destes dons em nossos dias, tais como a obra missionária e a pregação, mas de forma alguma se confundem com aquilo que estes carismas representavam para a Igreja neotestamentária.
b. Dons de Sustentação, evangelistas, pastores-mestres, ensino: são dons presente na vida da Igreja que procura expandi-la (evangelistas), fundamentá-la (ensino) e apascentá-la (pastor-mestre), a partir daquilo que foi ensinado pelos profetas e apóstolos, contextualizando a comunidade segundo a sua própria época de existência.
c. Dons de Serviço: carismas que dinamizam a vida do corpo de Cristo dando-lhe ordem, organização e praticidade, promovendo a unidade da Igreja através do serviço mútuo.
d. Dons de Sinais: têm por finalidade revelar a glória e o poder de Deus ao mundo segundo as necessidades de cada época e da comunidade. Não são dons comuns, nem frequentes, porém, esporádicos e passageiros, cumprindo com propósitos específicos.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

CURSO DE EVANGELISMO PESSOAL

Amados irmãos e irmãs, a paz de Cristo. A partir do dia 22.02, das 20:00 às 22:00 horas, a Igreja Episcopal Carismática do Brasil, Brasília-DF, oferecerá um curso de Evangelismo Pessoal. Serão 16 semanas com atividades práticas de evangelização. Haverá uma taxa mensal de R$ 20,00 para os participantes. Maiores informações: 8595 7673 ou 8198 1854.

BACHARELADO E MESTRADO EM TEOLOGIA

A SOCIEDADE DE ESTUDOS BÍBLICOS INTERDISCIPLINARES, SEBI, está com as inscrições abertas para os cursos de Bacharelado e Mestrado em Teologia. Se você deseja se capacitar melhor para servir a Deus e à sua Palavra, venha estudar conosco. Maiores informações: 8595 7673 ou 8198 1854. www.sebidf.webnode.com.br

DONS ESPIRITUAIS: Entendendo a Diversidade dos Dons (cont.)

2. Como se Classificam
Algumas tentativas têm sido feitas procurando organizar os dons em classes que permitam uma melhor compreensão dos mesmos e de suas funções. O quadro abaixo, apresentado por Zaspel, exemplifica bem isto:
1./Temporário/Permanente
Temporário
Apostolado
Profecia
Conhecimento
Sabedoria
Discernimento de espíritos
Milagres
Curas
Línguas
Interpretação de línguas

Permanente
Evangelistas
Pastor-Mestre
Ensino
Liderança
Governo
Exortação

Contribuição
Socorro
Misericórdia
Serviço

2./De falar/De servir/Sinal

De falar
Apóstolos
Profecia
Evangelização
Pastor-Mestre
Ensino

De servir
Liderança
Governo

Contribuição
Socorro
Misericórdia
Ministério (Serviço)

Sinal
Discernimento de espíritos
Milagres
Curas
Línguas
Interpretação de línguas
Sabedoria
Conhecimento

3.Sustentação/Serviço/Sinal

Sustentação
Apóstolos
Profecia
Evangelização
Pastor-Mestre
Ensino

Serviço
Liderança
Governo
Exortação

Contribuição
Socorro
Misericórdia
Ministério (Serviço)

Sinal
Conhecimento
Sabedoria
Discernimento de espíritos
Milagres
Curas
Línguas
Interpretação de línguas

4./De Fundamento /Sustentação/Serviço/Sinal

Fundamento
Apóstolos
Profetas

Sustentação
Evangelização
Ensino
Pastor-Mestre

Serviço
Liderança
Governo
Exortação

Contribuição
Socorro
Misericórdia
Ministério (Serviço)

Sinal
Sabedoria
Conhecimento
Discernimento de espíritos
Milagres
Curas
Línguas
Interpretação de línguas

Muitas observações podem ser feitas a partir deste quadro. Mas é importante entendermos que tais classificações são tentativas teóricas, ainda que partindo da Bíblia, para entendermos os aspectos funcionais dos dons. Sobre cada tentativa podemos dizer:
a. Que a tentativa de dividir os dons a partir da questão permanência e temporalidade é muito vaga, uma vez que quem estabelece o critério é o teólogo a partir de pressupostos pessoais, ainda que se tente fundamentar em perspectivas bíblicas. Além de vaga, é uma estrutura rígida, que não contempla novos dinamismos do Espírito na vida da Igreja. Por fim, é uma estrutura que nada nos revela sobre a funcionalidade dos dons no corpo de Cristo.
b. Que a divisão tríplice, falar, servir e sinal é uma tentativa boa de classificação, mas se mostra limitada quando vista da perspectiva da funcionalidade dos dons. Por exemplo, a categoria falar serviria exatamente a qual propósito dentro do corpo de Cristo?
c. Que a divisão sustentação, serviço e sinal atende melhor à perspectiva da funcionalidade dos dons, porém, a palavra sustentação incorre no erro de misturar funções diferentes dentro de uma mesma categoria. Não se pode misturar as implicações do ofício apostólico e profético juntamente com os de evangelista, pastor-mestre, pois estes dependem do trabalho daqueles para o seu exercício.
d. Que “a quádrupla divisão de dons de fundamento, sustentação, serviço e sinal reconhece ainda mais a importante distinção entre os dons de fundamento temporários e os outros dons de sustentação que são permanentes, sendo antes uma parte da fase superestruturada da igreja, do que de sua fase fundacional de edificação” (Zaspel). Além disso, esta divisão distingue bem entre o que é o fundamento bíblico-teológico da Igreja (profetas e apóstolos) e aquilo que deve ser o trabalho de edificação/sustentação que decorre deles. Por fim, podemos dizer que esta divisão atende melhor à perspectiva da funcionalidade dos dons dentro do corpo de Cristo.
Portanto, é melhor estudarmos os dons espirituais a partir da quádrupla distinção e as suas implicações para a vida da Igreja.