quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

DONS ESPIRITUAIS: Compreendendo sua natureza e teologia

Amados irmãos e irmãs, a partir de hoje começo a colocar em meu blog um estudo que costumo dar às igrejas, quando convidado (e sem cobrar financeiramente nada de nenhuma delas), sobre os dons espirituais. A cada 3 dias haverá uma nova postagem. Caso queiram debater, fiquem à vontade para postarem seus comentários. Que o Senhor Jesus, nosso Senhor e Salvador, Senhor da Igreja, nos enriqueça no estudo deste assunto e dissipe dúvidas e expurgue erros doutrinários que temos visto por aí. Um forte abraço a todos e boa leitura.
Pr. Airton Williams
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INTRODUÇÃO

O Estudo dos Dons Espirituais é muito empolgante, pois adentramos numa realidade “mística” do Evangelho, de algo que se faz dentro de nós a partir do nada; também empolgante, pois deslumbramos capacidades e poderes que excedem nossa compreensão, que estão além de nós mesmos e que às vezes experimentamos em nossa própria existência. Some-se a isto a obscuridade que reveste o assunto, as polêmicas em torno do entendimento correto dos dons do Espírito e suas diversidades. Mas, se por um lado o estudo se mostra empolgante, por outro se mostra difícil, pois a porta de entrada para compreensão dos dons não é uma, mas múltipla, variada, e nem sempre as conclusões são as mesmas, gerando conflitos, confusões, debates acirrados e na maioria das vezes (mesmo que isto fira diretamente os propósitos dos dons), separações entre irmãos, que mesmo tendo a experiência comum da graça salvífica de Jesus não possuem a maturidade necessária para lidar com suas divergências.
Estudar os Dons Espirituais é algo muito amplo, pois é um assunto que possui vários aspectos, vertentes, que precisam ser examinados. Dentre estes aspectos podemos perguntar: Quantos dons existem na Bíblia? Quantos são contemporâneos? Pode-se perguntar ainda: Quais os tipos de dons? Que categoria existe entre eles? Como se classificam? O que significa cada um deles? Estas são algumas perguntas que revelam a multiplicidade de portas de entradas para o estudo dos dons.
Todas as questões mencionadas acima podem ser respondidas de formas diferentes e com números e perspectivas divergentes. Por esta razão este assunto é um tanto quanto polêmico e como consequência disto muitos procuram evitar uma análise bíblico-teológica, pois muitos “dogmas” pessoais e eclesiásticos foram criados e dão sustento à práticas errôneas em nossos dias, sendo ameaçados quanto confrontados com o claro ensino da Palavra de Deus.
Deve-se a esta falta de fundamentação bíblico-teológica práticas bizarras que presenciamos em nossos dias e nas igrejas de Jesus Cristo, realizadas em nome do Espírito Santo. Vemos dons espirituais sendo deslocados de seu ambiente natural, a Igreja, para ambientes estranhos à Escritura e muitas vezes copiando cenários cúlticos pagãos. Podemos dizer que muitas práticas dos chamados “dons do Espírito” se assemelham às práticas da umbanda, espiritismo e tantas outras formas místicas e esotéricas, criando um sincretismo religioso sem precedentes na história do cristianismo.
Diante deste quadro, cremos ser de grande importância compreender bem o ensino bíblico à respeito dos dons espirituais. Tomando a primeira carta de Paulo aos Coríntios, cap 12, temos as seguintes razões para este estudo:
1. Há a necessidade de discernirmos entre os verdadeiros e os falsos carismáticos, ou possuidores dos dons espirituais. No v.1 o apóstolo Paulo usa a expressão grega “Peri. de. tw/n pneumatikw/n”, traduzida em nossas Bíblias como “a respeito dos dons espirituais”. Acontece que a palavra dom não aparece no texto. Se observarmos o restante do discurso, veremos que o apóstolo está falando de gente que se dizia espiritual, mas que nas suas atitudes demonstravam o contrário. Assim, à luz do contexto, a expressão deveria ser traduzida como “a respeito dos que são (se dizem) espirituais, não que, irmãos, que sejais ignorantes”. A partir daí, Paulo procura instruir a igreja para que não sejam enganada por estas pessoas, ainda que possuam dons espirituais.
2. Há a necessidade de entendermos que todos os dons procedem do Espírito Santo, de forma soberana, “visando um fim proveitoso” para o corpo de Cristo. Isto implica dizer que os dons não podem ser concedidos por homens ou igrejas, como temos visto e ouvido em campanhas por aí. É o Espírito Santo que dá a quem quer e como quer os dons que lhe foram outorgados por Cristo. Isto implica, também, que não somos nós que escolhemos os dons que queremos (como veremos adiante), mas o Espírito, a partir dos seus propósitos para a Igreja é quem determina o que será dado.
3. Há a necessidade de entendermos que existe variedade de dons, segundo a necessidade do corpo de Cristo e que nesta variedade há importância comum em todos os dons, até mesmo para aqueles que consideramos menores.
4. Há a necessidade de entendermos que os dons visam a unidade do corpo de Cristo e não sua separação ou sectarismo espiritual: “para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros” (12.26).
5. Há a necessidade de entendermos que apesar da importância comum, os dons não são iguais quanto à responsabilidade e amplitude de sua ação no corpo.
Como foi dito anteriormente, estudar os dons envolve várias vertentes; assim, a fim de evitar divagações (apesar de serem inevitáveis em alguns pontos devido aos aspectos polêmicos que o assunto suscita), este estudo terá como objetivos principais, à luz da Palavra de Deus, e somente através da Palavra de Deus:
1. Descrever o ensino bíblico-teológico acerca dos dons.
2. Conscientizar-nos sobre os dons que são conferidos por Deus à sua Igreja, da qual fazemos parte e que, portanto, estão em nós.
3. Despertar-nos para o dom que nos foi outorgado, estimulando-nos a vivenciá-lo em nossa comunidade de fé para que a glória de Deus seja manifesta e o corpo de Cristo edificado.
Para que possamos alcançar estes objetivos, estudaremos sobre:
1. A natureza dos dons.
2. Os princípios que regem os dons na vida da Igreja e que lhe são norteadores em sua prática.
3. Os propósitos dos dons no corpo de Cristo.
4. A classificação funcional dos dons.
5. A forma de identificar os dons em nossas vidas (com aplicação de teste).
6. Os resultados que podemos esperar na vivência carismática na comunidade de fé.

6 comentários:

Willy dos Prazeres disse...

Um artigo realmente necessário diante de tamanha desordem em nossos cultos, em alguns momentos parece que Paulo antevia também a nossa atual igreja, pois elas nos servem muito bem.
Que Deus te abençoe por esse entendimento!

CrerParaVer disse...

Meu caro Professor Airton, gostei e recomendo não somente a leitura como o curso, pois vindo de ti é bênção pura. Está já na hora de escrever e publicar livros. Há muita coisa boa do Reino de Deus e de sua Justiça que estão ai presos contigo em teu ser, conforme os dons que Deus te deu e que precisam ser repassadas. Pense nisso! em fim, www.jamaisdesista.com.br de ensinar. Abração Daniel Deusdete.

Airton Williams disse...

Meu caro irmão Willy, agradeço o incentivo. aproveito para dizer que tenho gostado muito dos posts que tenho lido em teu blog com o thiago. que vos abençoe ricamente tb.

Airton Williams disse...

Grande Daniel, tudo na paz? agradeço as palavras de incentivo. e quanto ao livro, a fonte editorial (que publica textos teológicos clássicos, www.fonteeditorial.com.br), vai publicar 2 livros meus agora em fevereiro, um sobre "o amor de Deus derramado em nossos corações: implicações éticas para o cristianismo" e "Mito e história em Gn 1" (título provisório). tb agradeço o apoio aos cursos da sebi, que vi em seu blog. gosto da linha pastoral que vc tem adotado nos seus posts. que Deus continue te iluminando. abraços.

discipulado disse...

Que bom, nós necessitamos muito de esclarecimentos sobre esse assunto, lembro - me do pouco que conversamos na igreja e o muito que eu e o Willy aprendemos contigo. Graças a Deus por esta sequência de Estudo que você vai iniciar, pode ter certeza que eu e muitos serão abênçoados.
Que Deus continue te iluminando cada dia mais.

Airton Williams disse...

Grande Thiago, valeu pelo incentivo. Que Deus nos abençoe no entendimento desta matéria. Um forte abraço.