segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

DONS ESPIRITUAIS - A Natureza dos Dons - continuação

3. Definindo a Natureza dos Dons Espirituais
Como vimos, os dons espirituais são resultados direto dos propósitos salvíficos de Deus desde o Antigo Testamento, não sendo uma espécie de manifestação nova no Novo Testamento, mas apenas cumprimento de profecias veterotestamentárias.
A palavra grega de onde deriva o termo “dons” é carisma,twn, “charismáton”, referindo-se a “dons da graça de Deus”, e que portanto, não é resultado do nosso merecimento, nem alguma forma de recompensa por nosso esforço na fé.
Precisamos ainda lembrar que se diz nas Escrituras que são “dons espirituais”, ou seja, controlados pelo Espírito Santo.
Estabelecido estas coisas, temos condições, agora, de definirmos os dons espirituais como sendo a capacitação variada e diversificada dada por Deus ao seu povo, por meio da ação e administração soberana do seu Espírito, a fim de promover a sua glória no mundo, revelando e executando sua vontade, e a unidade e aperfeiçoamento do Corpo de Cristo no serviço prestado ao seu Deus. “Um dom espiritual, então, é mais do que uma possessão, é um canal através do qual o Espírito Santo ministra para Sua igreja. Isto significa que Ele escolheu edificar a Igreja.” (Fred G. Zaspel, Dons Espirituais, in: http://www.monergismo.com/textos/dons_espirituais/dons1_zaspel.htm).

4. Distinções Necessárias
A seguir transcrevemos parte do texto de Zaspel (http://www.monergismo.com/textos/dons_espirituais/dons1_zaspel.htm) sobre algumas distinções necessárias na definição da natureza dos dons espirituais a fim de se evitar confusões e uma teologia distorcida.
Dons e Dom
Nessa conjuntura, algumas distinções são apropriadas. Os dons do Espírito não são iguais ao dom do Espírito. Em Atos 2:38 Pedro diz para aqueles que inquiriram sobre a salvação, “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo”. O “dom” (singular) do Espírito é simplesmente o próprio Espírito Santo. O próprio Espírito Santo era o Dom prometido para todos aqueles que cressem em Jesus. Jesus falou disto em diversas ocasiões. João 7:38-39 registra uma dessas. Jesus disse, “Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva”. Então João adiciona o comentário interpretativo, “Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado”. João 14:15-18,26; 15:26; e 16:7 também fala do mesmo Dom prometido, como o faz Atos 1:4-5. Como desenvolveremos mais tarde, o Espírito Santo é o Dom de Cristo para Sua igreja, e isto é fundamental para o recebimento dos dons (plural) do Espírito: quando O recebemos, então, recebemos também o que Ele dá; isto é, os dons espirituais. Por exemplo, desde que eu me casei com minha esposa, tenho comicamente lhe dito várias vezes, “o que é seu é meu, e o que é meu é seu!”. Isto pode ser um pouco unilateral, mas você vê o princípio — quando eu a recebi, eu também recebi o que era dela. Tudo o que era dela se tornou meu também quando nos tornamos unidos em matrimônio. E o mesmo é verdadeiro para ela. Da mesma forma, quando eu recebo o bendito Espírito de Deus, eu O recebo em tudo o que Ele tem para oferecer. Entre os maravilhosos ministérios do Espírito na vida do crente está o ministério de dotar para o serviço. Isto nós recebemos quando O recebemos.
Talvez seja útil parar aqui e explicar outro ponto neste versículo (Atos 2:38). Quando Pedro disse “arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado para remissão de vossos pecados” ele não estava ensinando que o batismo é uma condição para a salvação. A preposição grega traduzida “para” neste verso (eis) carrega a idéia de “por causa de”. “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado por causa da remissão de vossos pecados”. É como aqueles pôsteres na estação policial, “homem procurado ‘por' roubo” — eles não estão solicitando voluntários! Eles estão declarando que alguém é procurado “por causa de” seu crime já cometido; ele não é procurado para cometê-lo! O mesmo é verdade aqui; nós somos batizados em obediência a Cristo, por causa do perdão de nossos pecados e não para ganhar tal perdão.
Dons e Fruto
Nem devemos confundir os dons do Espírito com o fruto do Espírito. Os dons são serviços para serem prestados aos outros; “fruto” fala das graças ou traços característicos de uma pessoa habitada pelo Espírito Santo. Quando o Espírito de Deus toma residência num homem, Ele não somente o capacita para servir, mas também começa a cultivar a santidade, a evidência de que é um solo profundo, o “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio” (Gálatas 5:22-23). Tanto o fruto como os dons são essenciais. Ambos são manifestações da habitação do Espírito. Mas os dois não são a mesma coisa.
Dons e Talentos
Finalmente, uma palavra sobre talentos. Qual a diferença entre um dom e um talento? É freqüentemente dito que nós nascemos com certos talentos, habilidades naturais, mas quando nascemos de novo é nos dado dons espirituais — talentos sendo naturais e dons sendo sobrenaturais. É interessante que tal brilhante distinção nunca é descrita nas Escrituras. Ela é freqüentemente inferida ou apenas presumida, hoje, mas nunca declarada dessa forma nas Escrituras. E com todos os fatos examinados, parece que esta distinção é inútil e difícil, se não impossível, de se demonstrar.
Deixe-me explicar. Gálatas 1:15-16, por exemplo, declara, efetivamente, que Paulo foi dotado para pregar desde antes o seu nascimento. Mas este dom, obviamente, não foi exercitado até muitos anos depois. Certamente, ele, sem dúvida, pregava e ensinava antes de crer, mas tal pregação ou ensino recebeu inteiramente uma nova dimensão quando ele foi salvo. Ele tinha o dom (talento) desde o começo; ele se tornou “espiritual” quando ele se tornou espiritual. (Um homem “espiritual” é um cristão. Esta é a terminologia de Paulo em 1 Coríntios 2:14-15). Seus dons (os quais, sem dúvida, foram soberanamente dados também) “naturais” se tornaram espirituais simplesmente porque ele mesmo se tornou espiritual. Ou olhe isto de uma outra forma: qual é a diferença entre o que o seu professor de Escola Dominical faz para você todas as manhãs de Domingo e o que seu professor da faculdade lhe faz? A diferença é óbvia: o ensino do seu professor de Escola Dominical, ou do seu pastor — embora o mesmo talento, dom, possa ser usado numa sala de aula secular — tem uma dimensão totalmente diferente. Este ensino é espiritual e ministra para a igreja. O talento é o mesmo, mas recebeu uma nova dimensão e uma nova capacidade — uma capacidade para as coisas espirituais. Muitos professores se tornaram “espirituais” e assim ganharam a capacidade para ministrar para a igreja com o mesmo talento, o mesmo dom, que ele tinha desde o começo. Este talento simplesmente se tornou aprimorado em sua capacidade de servir à igreja eficazmente. Tornou-se espiritual. Assim o contraste não é absoluto; nem há distinções necessárias. Deus sabiamente e providencialmente equipa no nascimento; a dimensão espiritual é adicionada no novo nascimento, mas o talento em si mesmo é basicamente o mesmo.

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