sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DÍZIMO NO NOVO TESTAMENTO? QUE HERESIA É ESTA?

Durante as minhas férias de junho de 2010 me deparei com um texto publicado no blog “Bereianos” (www.bereianos.blogspot.com), o qual já fora publicado em outro, “Voltemos ao Evangelho”, em que o articulista defendia que o dízimo não era uma prática neotestamentária. Após ler, decidi postar um comentário, o qual foi censurado e, consequentemente, não publicado no blog. Decidi, então, que escreveria meu comentário em um artigo para o meu próprio blog. Infelizmente, os muitos compromissos (tradução de livros, a publicação do meu segundo livro pela Fonte Editorial, agenda de aconselhamento pastoral, aulas de teologia e etc.) me impediram de fazê-lo em tempo mais hábil. Mas eis que agora, com o tempo um pouco folgado, decidi escrever este artigo.
Já de algum tempo tenho ouvido e lido argumentos que dão conta de que o dízimo seria uma prática do Antigo Testamento, da “velha aliança”, do tempo da “lei”, e que tal teria sido abolido pela “graça”, não havendo respaldo no Novo Testamento para o mesmo.
Diante disto, comecei a me perguntar o por que desta rejeição a uma prática tão antiga na vida da igreja cristã. E quando falo antiga, me refiro aos primórdios do cristianismo. Sei que haverá quem objete dizendo que o cristianismo primitivo não tinha tal prática, mas isto não é verdade. Para defender esta tese, os proponentes manipulam exegeticamente dois textos neotestamentários (como procurarei demonstrar mais à frente), a saber, Mateus 23.23 e Lucas 11.42, e selecionam extratos convenientes dos pais da igreja a fim de passar pseudo-erudição aos seus argumentos. Não é proposta deste artigo examinar os pais da igreja, mas prometo um outro artigo mostrando que a prática do dízimo era comum igreja pós-apostólica.
Enquanto pensava sobre a razão desta onda de reação contrária ao dízimo só pude observar duas razões para a mesma. A primeira, diz respeito a cristãos sinceros, que estão cansados com os abusos e exploração financeira que algumas igrejas/seitas praticam (e.g. Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Mundial do Poder de Deus, Renascer em Cristo, e afins), e alguns pregadores, em particular, para manter seus programas televisos megalomaníacos (e.g. Silas Malafaia). Contra estas práticas, irmãos sinceros, tementes a Deus, rejeitaram tais ensinos, mas por lhes faltar preparo exegético, passaram a interpretar os textos bíblicos não à luz da sua mensagem, mas à luz de suas revoltas contra os abusos. Daí, acabaram por jogar fora uma prática tão salutar e saudável da espiritualidade cristã.
A segunda razão para rejeição do ensino do dízimo encontrei nos corações avarentos, que amam o dinheiro e que, em nome da piedade, passaram a criar pseudo-exegeses para acalentar os seus corações pecaminosos, pois dão ao reino de Deus aquilo que é conveniente ao seu bolso. Espero que esta não seja a sua situação, que lê este artigo e que é contra o dízimo.
Pois bem, antes que partam para uma ataque ad hominem, permita-me dizer-lhe que sou pastor. Alguns, a partir de agora, dirão que sou suspeito para falar do assunto, pois advogaria em causa própria. Considero este tipo de argumento muito medíocre, pois o assunto não trata da nossa função, ou cargos ou qualquer outra coisa ligada à posição que ocupamos na igreja, mas de questões hermenêuticas que nos permitam o entendimento correto de passagens bíblicas.
Outra coisa que gostaria de registrar contra o argumento ad hominem é que durante toda a minha vida fui dizimista e defensor desta causa. Porém, nos anos de 2007 e 2008 fiquei sem pastorear por questões pessoais, e mesmo assim, continuei dizimista na igreja onde passei a congregar. Por fim, voltei a pastorear em 2009, e sirvo a Igreja Episcopal Carismática do Brasil, sem receber nenhum tipo de salário (por opção, enquanto foco esforços na implantação da Igreja em Brasília), e continuo dizimista de tudo o que recebo (como tradutor e revisor de livros para editoras evangélicas, como professor de teologia, como autor de livros, etc). Espero que estes pontos sejam suficientes para calar os que tentarem me acusar de defender o dízimo em causa própria.
Tendo estabelecido estas questões, proponho focar minha atenção na suposta análise exegética que encontrei no artigo supra citado no blog dos “bereianos”. O mesmo tomava o texto de Mateus 23.23 para dizer que o mesmo não fundamentava a prática do dízimo no Novo Testamento, mas que falava de uma prática da “antiga aliança”. Segundo o articulista (não lembro o nome, a única coisa que guardei na memória é que se trata de alguém desconhecido no meio teológico), Jesus teria ensinado a prática do dízimo, nesta passagem, porque estava falando com fariseus e, portanto, como uma prática válida para a “antiga aliança” que estava em jogo. Ainda, segundo o articulista, a “antiga aliança” teria acabado com a morte de Jesus, dando início à nova aliança, o tempo da graça.
Confesso que ao ler isto fiquei estarrecido, pois nunca vi tamanha incompetência hermenêutica como neste caso. Os princípios mais básicos de interpretação textual foram jogados no lixo pelo argumento desta pessoa. Foi por isso que decidi postar um comentário, pontuando aquilo que via de errado no argumento e fiquei decepcionado pela censura. Pois bem, vamos aos princípios negligenciados pelo autor.
O primeiro princípio hermenêutico postulado por todos os teólogos conservadores (em oposição aos liberais e as hermenêuticas pós-modernas), é que a mensagem de um texto deve ser encontrada no eixo autor-comunidade primária. Aqui se encontra o primeiro erro daquele articulista, pois ele leu as palavras de Mateus 23.23 sob o eixo das personagens da narrativa-discurso, a saber, Jesus-fariseus. Aplicando o princípio hermenêutico, aqui, o texto deveria ser lido na perspectiva Mateus (autor do Evangelho)-comunidade mateana (a quem ele se dirige). Neste sentido, as palavras devem ser entendidas sob a ótica do autor, Mateus, que querendo das instruções à sua comunidade sob várias questões ligadas à nova vida dos convertidos (Mateus 28.20, onde “ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” se refere aos ensinamentos contidos no Evangelho do próprio Mateus, como veremos mais adiante), selecionou a cena em que Jesus ensinava aos seus discípulos sobre o que deveriam observar a fim de instruir sua comunidade, que era muito posterior à data da narrativa-discurso.
Permita-me ser mais claro. O articulista a quem critico tomou a narrativa-discurso para afirmar que Jesus havia instruído o dízimo ainda debaixo da “velha aliança”. Posso concordar com ele neste ponto, mas narrativa, em si, foi escrita depois, já debaixo da “nova aliança”. Quando que Mateus escreveu o seu evangelho? O debate acadêmico é grande sobre este ponto. Temos data de 50 à 70 depois de Cristo (há uns liberais que insistem com datas por volta de 90 à 110 depois de Cristo, mas, hoje, estas teses estão em descrédito na pesquisa acadêmica). Seja qual for a data (creio que possamos data em torno de 50 d.C.), todas elas apontam para o fato de que as palavras de Mateus 23.23 foram escritas já no tempo da “nova aliança”, visando instruir a comunidade a que se destina (que chamamos, tecnicamente, de “mateana”) sobre temas judaicos válidos para a igreja cristã, neste caso específico de Mateus 23.23, sobre o dízimo (falaremos mais disto no próximo ponto).
Creio que estas observações, acima, tenham sido suficientes para você, leitor, perceber o erro crasso cometido pelo articulista ao tentar descaracterizar o dízimo como observância da “nova aliança”. E espero ter demonstrado como devemos ler um texto na perspectiva autor-comunidade primária.
O segundo princípio hermenêutico básico diz que um texto deve ser lido à luz do seu contexto e, nunca, à luz de suas frases. Pois bem, este foi o segundo erro cometido pelo articulista. Ele isolou o versículo 23, criou um contexto imaginário de “velha aliança” versus “nova aliança” e desenvolveu uma argumentação falaciosa.
Mas antes de prosseguirmos na refutação, convém esclarecer o que se entende, em hermenêutica textual por “contexto”. Infelizmente, muita gente entende que contexto era o que vinha sendo dito antes, e assim, limitam o contexto às palavras imediatamente anteriores e posteriores. Isto é outro erro crasso, pois o contexto refere-se à todo o discurso que antecede a passagem que se quer analisar e as palavras que a seguem, dando-lhes sentido. Assim, por contexto temos que entender a mensagem do livro como um todo (contexto geral) até o momento da passagem em análise à luz do seu bloco discursivo (contexto específico).
Aplicando este princípio em Mateus, temos que o texto foi elaborado tendo 5 grandes discursos (5.1-7.27, 10.1-42, 13.1-52, 18.1-35 e 24.1-25.46) como sua estrutura fundamental. No fim de cada discurso aparece, em grego, sempre a mesma frase, kai egeneto hote etelesen ho Iesous, que significa, literalmente, “e aconteceu que disse Jessus..., o que indica marcação de discurso no Evangelho de Mateus, como muitos exegetas têm mostrado historicamente. Agora, chama a atenção que em Mateus 28.20 diga que na missão da igreja, “fazei discípulos”, esteja incluído o ensinara “todas as coisas que vos tenho ordenado”. Por que isto chama a atenção? Porque em 26.1, quando termina o quinto bloco discursivo de Mateus, se diz: kai egeneto hote etelesen ho Iesous panta tous logous, que literalmente significa: “e aconteceu que disse Jesus todas estas palavras/instruções”. Diante do exposto, segue que, do ponto de vista estrutural da mensagem do Evangelho, o mesmo deveria ser lido à luz dos 5 blocos discursivos. E do que tratam estes blocos:
5.1-7.27: O cristão e a lei de Deus
10.1-42: O cristão e o compromisso missionário
13.1-52: O cristão e o reino de Deus
18.1-35: O cristão e a vida em comunidade
24.1-25-46: O cristão e o juízo de Deus

Uma série de questões hermenêuticas poderia ser levantada aqui, mas queremos nos ater à passagem de Mateus 23.23. Como se pode ver, a mesma está entre os discursos catequéticos de 18.1-35 e 24.1-25.46, a vida em comunidade e o juízo de Deus. Tem sido observado por vários comentaristas que os blocos narrativos-discursivos que se colocam entre os blocos discursivos de Mateus servem para ilustrar o discurso anterior e preparar o novo discurso. Como exemplo, peguemos o nosso caso específico. O bloco de 18.1-35, que fala da vida em comunidade, fala em cuidar dos pequeninos e perdoar aos que nos ofendem. A primeira narrativa que segue a estas instruções é a questão do divórcio, onde o discurso se aplica em um caso específico. Já a ultima narrativa-discurso do bloco, 23.37-39 fala da oração de lamento e anúncio de juízo de Deus sobre Jerusalém. Então, começa o Sermão Profético (ou Escatológico, como alguns comentaristas prefere chamar). Creio que você tenha percebido a função destes blocos intermediários.
A nossa passagem pertence ao bloco intermediário que aponta para os exemplos da vida em comunidade e o juízo de Deus sobre a mesma. E de uma forma mais especifica, ainda, Mateus 23.23 se insere na narrativa-discurso que tem início no capítulo 23.1. O que caracteriza este bloco? Considerando que o ensinamento de Jesus sobre a comunidade cristã difere, em muito, do modelo farisaico, o que dizer do mesmo? Rejeitá-lo totalmente?
Observe que após identificar a si mesmo como o próprio Messias que os fariseus esperavam (22.41-45), o que lhe dava autoridade suprema naquilo que instruía, Jesus se volta para as multidões e os seus discípulos e lhes ensina que isto não significava desprezar o ensinamento dos fariseus, pois segundo Jesus, “Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e fariseus”. O que isto significa? Que eles eram intérpretes legítimos da Lei de Deus. Por isso, Jesus continua, “Praticai o que vos ordenarem”, o que se entende por serem eles (os fariseus), legítimos intérpretes. Porém, as multidões e os discípulos não deveriam imitar as suas obras, “pois dizem e não cumprem”. A partir deste momento, Cristo denuncia algumas de suas práticas (v.4-7); em seguida, passa a combater o mal que leva a hipocrisia, a soberba do coração, exortando a se sujeitarem ao Messias (v.8-12). Tendo dito isto, Jesus passa a ilustrar o que dissera sobre os fariseus: que devemos observar o que eles ensinam, mas que não deveríamos imitá-los em suas obras (v.13-35)
São sete ensinos, marcados por ouai, traduzido por “Ai”. Estes “Ai” são extraídos dos oráculos proféticos do Antigo Testamento que visavam anunciar o castigo de Deus sobre comportamentos pecaminosos. É dentro deste eixo “façam o que eles dizem, mas não façam o que eles fazem” e o sinal de castigo pelo comportamento errado que encontramos o “Ai” sobre o dízimo.
O que Jesus ensinou? O texto é muito claro, e o articulista a quem critico entendeu isto: Jesus estava validando o ensino dos fariseus sobre o dízimo, mas estava desautorizando a prática deles, pois davam o dízimo de tudo, mas desconsideravam coisas básicas que deveriam acompanhar a oferta: a justiça, a misericórdia e a lealdade. Os fariseus ensinavam que o dízimo era bíblico, mas entendiam que sua prática era suficiente para alcançar as bênçãos de Deus (algo parecido com o que se vê, hoje, nos discursos de Edir Macedo e companhia de falsos profetas), desprezando as coisas que deveriam acompanhar a prática do dízimo, justiça, misericórdia e lealdade. Após criticar esta atitude, Cristo termina dizendo: “devíeis, porém, fazer estas coisas (justiça, misericórdia e lealdade), sem omitir aquelas (o dízimo do que fora mencionado).
Agora, aplicando o primeiro princípio hermenêutico delineado acima, a quem se destina este bloco? Aos fariseus? Aos discípulos que estavam com Jesus no momento da fala? À multidão? É claro que não. Se o texto só foi escrito depois de 50 d.C., é óbvio que o mesmo visava instruir leitores, muito tempo depois do ocorrido, sobre a questão do dízimo. Assim, ao preservar esta narrativa-discurso de Jesus, Mateus procurava mostrar à igreja cristã que o dízimo não deveria ser desprezado. E que, portanto, era uma prática para os cristãos da “nova aliança” também.
O mesmo exercício hermenêutico que apliquei aqui, pode ser aplicado em Lucas, também. Agora, em Lucas tem um agravante: a comunidade, como a maioria dos estudiosos do Novo Testamento tem demonstrado, era composta de gentios, oriundos de classes sociais baixas (como exemplo, verifique o material narrativo que é peculiar a Lucas, e você verá que se trata de gente pobre ou excluída da sociedade). Assim, este Evangelho estaria ensinando, assim como Mateus, a prática do dízimo a esta comunidade gentílica também.
Outro erro hermenêutico do artigo em questão se observa quando perguntamos: em que momento o texto de Mateus demonstrou debater o tema da “velha aliança” versus “nova aliança”? Um terceiro princípio básico de hermenêutica ensina que a mensagem extraída de uma parte deve ser avaliada à luz do todo. Vale lembrar que no primeiro bloco discursivo, o “Sermão do Monte”, caps.5-7.27, Jesus se coloca na direção contrária a esta antítese, Lei x Graça. Após descrever o caráter do seu discípulo nas bem-aventuranças e falar do impacto deste no mundo (sal e luz), o Senhor mostra que este caráter impactante é vivido somente por meio da observância da Lei de Deus, e não da sua rejeição, “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir” (5.17). Em seguida, ele diz que isto não é apenas a tarefa dele, Jesus, enquanto Messias, mas uma obrigação para os seus discípulos que gozam do seu caráter: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (5.20). O que é exceder a justiça dos escribas e fariseus? Nas perícopes seguintes, o Senhor exemplifica tomando a Lei e ampliando a sua implicação.
Este procedimento, de tomar a Lei e ampliar as sua implicações para os discípulos, se pode ver em várias outras passagens do Evangelho de Mateus, exemplificando constantemente o que fora dito em 5.20. Então, quando chegamos em 23.23, fica claro que esta dinâmica redacional continua. A Lei ensina a entrega do dízimo. Como o discípulo “excede” a justiça dos escribas e fariseus? Dando além do dízimo? Não. O texto é claro: “devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!” O discípulo “excede” ao observar não somente o dízimo, mas também “a justiça, a misericórdia e a lealdade” (tradução Peregrino, Paulus). Ou seja, à luz de Mateus, esta antítese “velha aliança” e “nova aliança”, enquanto desobrigação da Lei, não existe.
Que conclusão podemos tirar deste artigo infeliz sobre o dízimo no Novo Testamento? Que ele é um desserviço aos que amam a Cristo e sua Igreja, pois lhes priva de uma bênção chamada dízimo, não como algo que se dá a Deus para se auferir benefícios, mas sinal de gratidão por tudo o que ele tem nos dado.
Gostaria de terminar fazendo mais duas ressalvas. Primeira, durante o artigo mencionei a frase “os estudiosos do Novo Testamento”, ou “vários estudiosos”, e frases afins. Às vezes, as pessoas esquecem do cerne do problema e ficam procurando desculpas diante da confrontação de suas ideias. Assim, para que não venham críticas tolas dizendo que mencionei “estudiosos” sem citar nenhum, lembro que este artigo não pretende ser um comunicado acadêmico, mas uma reflexão a partir do que, academicamente, tem se mostrado sobre o Evangelho de Mateus. Para os que desejarem estudar o que disse, recomendo as obras de Carson, Borkhann, Tasker, Hendricksen, Stott, Broadus, Kümel, Gundry, e tantos outros que escreveram sobre o Evangelho de Mateus ou em introduções ao Novo Testamento ou em comentários específicos. Se você é estudante de teologia ou teólogo, saberá que citei autores conservadores e liberais. Fiz isto não porque seja simpatizante da teologia liberal, antes pelo contrário, sou um ferrenho combatente da mesma; o fiz para frisar que minha análise de Mateus encontra respaldo de todos os lados quanto à relação autor-comunidade. Caso queiram uma bibliografia em inglês, ou detalhada destes autores, peço que me enviem um e-mail e responderei.
A segunda ressalva é que admiro o trabalho que os irmãos do blog “bereianos” desenvolvem em defesa do evangelho do Senhor Jesus contra a apostasia geral da Igreja. Porém, não posso aceitar que nossos ressentimentos contra a apostasia acabe nos afastando de verdades bíblicas simplesmente porque outros as estão adulterando.
Que o Senhor da Igreja nos faça caminhar na verdade e nos livre de qualquer distorção da sua santa Palavra.
Pastor Airton Williams

14 comentários:

Unknown disse...

O dízimo é uma bênção, mas a teoria da prosperidade que se instalou em boa parte da Igreja é uma maldição terrível. Ela "estragou" boa parte dos cristãos e seu relacionamento com Deus. Vamos precisar renovar uma geração inteira para que a Igreja retome seu curso.
Somos muito tolerantes com os absurdos que se fala em nome de Deus. Recomendo os vídeos do Caio Fábio sobre o dízimo: http://www.youtube.com/watch?v=p1TgltiFPPQ.

Airton Williams disse...

Grande Gabriel, obrigado pelo comentário. Concordo com vc, o ensino geral está corrompido. Agradeço, tb, a indcação do vídeo do Caio Fábio. um forte abraço.

jairzinho disse...

Pastor e Meu ex-professor(igreja de Cristo - 305 sul- mestrado em novo testamento). Gostei da forma bíblica como refutada essa falta de zelo desse articulista que se diz "bereiano". Bereiano, foi a forma como o irmão por "a+b", explica e de forma bem clara as palavras de Jesus sobre o dízimo. Entendo que, não temos o direito de errar, sobre tudo, quando se leva esse nome bereirano de forma eqivocada e heetica, fazendo outros a errar.Parabéns pela sua explicação bíblica. Pena que não pude terminar o curso de Novo Testamento. Estava em uma fase de organizar nossa congregação em igreja e graças a Deus organizamos. Tenho a honra de ser o pastor da 1ª Igreja Presbiteriana do Brasil e Santa Maria-DF. Começo com a graça de Deus meu mestrado em aconselhamento no AJ. Fique com Deus e lembre-se de seu conservo. Pastor Jairzinho Pereira de Oliveira.

LEUMANE RABELO disse...

Ótima análise hermêutica professor!!!
Também fico indignado com esses "apologetas" que tentam privar a benção do dízimo às pessoas leigas e machucadas pela falta de caráter de alguns quanto à utilização do dinheiro na igreja de Cristo.
Parabéns pela postagem, que o SENHOR lhe abençoe grandemente.

Leumane Rabelo

Airton Williams disse...

Grande Jair, a paz de Cristo. fiquei feliz pelas notícias do seu ministério. espero reencontrá-lo, em breve. um forte abraço.

Airton Williams disse...

Grande Leumane, seu herege querido, um forte abraço.

Jhonatas disse...

Que grande parte dos livros do novo testamento foram escritos após a morte de Cristo isso não é novidade! Mas eles escreveram o que aconteceu e o que Cristo falou, e quando Cristo falou, obviamente estava debaixo da lei! Se eu for pegar esse argumento, vou também pegar tudo o que está no novo testamento porque foi escrito após a morte de Cristo em analisar o contexto. Como o exemplo de Mateus 23:23, tinha um contexto e esse envolvia os Fariseus que eram Judeus, estavam sob a lei de Moisés e também não acreditavam que Cristo era o Messias predito pelos profetas!
Um exemplo:

"E aproximou-se dele um leproso que, rogando-lhe, e pondo-se de joelhos diante dele, lhe dizia: Se queres, bem podes limpar-me.
E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: Quero, sê limpo.
E, tendo ele dito isto, logo a lepra desapareceu, e ficou limpo.
E, advertindo-o severamente, logo o despediu.
E disse-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; porém vai, mostra-te ao sacerdote, e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho"
(Marcos 1:40-44)

Jesus mandou que o leproso se apresentasse diante do sacerdote e isso fazia parte da lei!
Então se eu pegar o argumento de porque o livro foi escrito após a morte de Cristo, então também devemos nos apresentar diante daquela sacerdote definido na lei de moisés!

De acordo com Irineu, Papias de Hierápolis relatou que o evangelho de Marcos foi escrito por João Marcos, companheiro de Pedro em Roma e em "momento algum errou ao escrever as coisas conforme recordava. Sua preocupação era apenas uma: não omitir nada do que havia ouvido, nem falsificar o que transmitia." Ele transmitiu o que ouviu! Sendo que muitos escritores atribuem ao livro Marcos como sendo anterior ao de Lucas e Mateus!

Voltando, os dízimos são tão evidentes na vida da comunidade primitiva que a partir de Atos e principalmente Paulo, em nenhum momento os dízimos são citados, ao contrário das contribuições voluntárias para ajudar os irmãos necessitados! Se realmente os dízimos fosse uma prática da igreja primitiva, Paulo, que pregou principalmente para os gentios, tinha ao menos mencionado, mas não é o que se vê em todas as suas cartas! O que se vê são ajudas voluntárias ao próximo!

Sandavid Lopes disse...

PASTOR GOSTEI MUITO DESSA POSTAGEM.GOSTARIA DE LHE DIZER QUE SOU DIZIMISTA POR UMA DIREÇÃO DE DEUS EM MINHA VIDA.E REALMENTE ACHEI ESTRANHO QUANDO VI,PESSOAS DIZENDO ESSES ABSURDOS QUE MAT23;23 NÃO ERA PARA A IGREJA.REALMENTE ESCLARECEDOR ESSA POSTAGEM.QUANTO A PASSAGEM DE MAT 8;4 JA QUE TODO SACRIFICIO IRIA CESSAR COM O SACRIFICIO DE CRISTO.O QUE POSSO TOMAR NESTA PASSAGEM E O OBJETIVO DESSE SACRIFICIO QUE ERA SERVI DE TESTEMUNHO.E DA MESMA MANEIRA SE HOJE EU FOR CURADO DE LEPRA PELO
SENHOR JESUS DEVO CONTA O TESTEMUNHO DE MINHA CURA PARA GLORIA DE DEUS.

Unknown disse...

Infelizmente ainda existem pessoas que estão tão cegas pelo " deus deste século " satanás ( 2 Co 4:4 ),ao ponto de não enxergarem a prática historica do dízimo desde os primórdios da humanidades! Achei super interessante a visão do pastor Airton Williams sob a questão de se observar o fato de o livro de Mateus ser escrito e ensinado às comunidades cristãs na " nova aliança " muito embora registre fatos ocorridos na "velha aliança" . quando o Jhonatas fez este infeliz comentário tomando por base que os fatos ocorridos no livros de Mateus eram da " velha aliança " uma vez que Cristo ainda não tinha sido crucificado , morto , ressuscitado e assunto aos céus , o mesmo esqueceu que este argumento falido não serve ! Porque ?
Pelo simples fato destes eventos terem ocorrido na " velha aliança " , a revelação é progressiva e portando devemos também pensar que na ótica dívida não existe esta separação " velha aliança " x " nova aliança ", pois os princípios morais de Deus são eternos e imutáveis ! E até quando se trata dos símbolos contidos na " velha aliança " , estes contém princípios morais eternos ! do contrário também teríamos um sério problema de ordem moral no seu reino, que por sinal , é regido pelos princípios morais da lei que o rege : equidade e justiça ( Hb 1:8,9 )! Ou será que toda a lei deve ser descartada por fazer parte de uma '" dispensação " que lhe leva o nome ? Será mesmo que Deus enxerga desta forma absurda ? Claro que não ! Todo estudante de Bíblia e de cultura judaica , sabe muito bem que para um judeus , se falar de dízimo é chover no molhado ! Até porque a lei registra 2 fatos anteriores a ele mesma : a entrega do dízimo por Abraão a Melquisedeque ( tipo de Cristo ) em ( Gn 14 ) e por Jaco em ( Gn 28:10-22 ) , o que provam sua atemporalidade ! Então , não venha dizer que se formos tomar por base este pensamento falido de que Se for levado em conta a ocasião do fato ao invés da época que o livro e seus ensinamentos foram transmitidos , teríamos que pegar todo o seu conteúdo e aplica- lo como verdade neotestamentaria . Isto é incoerente com a estrutura em que a Bíblia foi escrita ! Qual ? A de transmitir verdades eternas independente dos símbolos , tipos que são ensinados na " velha aliança " que muito embora se cumpram na " nova aliança " seus princípios morais continuam em vigor por toda a eternidade , pois Deus é eterno , imutável e suas leis também o são ! ( Hb 13:8 ) . se o evangelista Metheus narra fatos ocorridos na " nova aliança " não existe problema algum em afirmar que o ensinamento sobre o dízimo em 23:23 é válido para os nossos dias e foi ensinado como verdade neotestamentaria às comunidades cristãs . Porque ? Simplesmente porque Deus que é o autor do conteúdo da Bíblia , não está preso à tempos , épocas , etc ... E muito embora Ele as use como bem entende , não significa que Ele esteja preso à elas ! Ele é Deus ! Dizer que o dízimo não é prática cristã historica , é negar a historicidade , cronologia e a correta hermenêutica dos textos sagrados ! Negar que a prática do dízimo é atemporal é porque não dizer atual , é o mesmo que dizer : Deus caducou ! Dízimo é princípio moral eterno e ponto final !!!!

Ane disse...

Concordo com Jhonatas...Paulo esqueceu de citar essa prática, então? Claro que não...Ele não praticava mais... Suas cartas dizem q ele raramente voltou ao templo em Jerusalém, dispensando a prática da Lei cerimonial(da qual era tão zeloso)...
Um Cristão sincero não precisa ser tão "teólogo" para compreender, conforme a Palavra, que sustentar um templo deixou de ser prioridade...

Ane disse...

Concordo com Jhonatas...Paulo esqueceu de citar essa prática, então? Claro que não...Ele não praticava mais... Suas cartas dizem q ele raramente voltou ao templo em Jerusalém, dispensando a prática da Lei cerimonial(da qual era tão zeloso)...
Um Cristão sincero não precisa ser tão "teólogo" para compreender, conforme a Palavra, que sustentar um templo deixou de ser prioridade...

jackson disse...

Nunca li tanta merda me prove que o dízimo foi dinheiro?

Airton Williams disse...

Olá Jackson, paz.
Creio que posso lhe chamar de irmão, apesar de ser surpreendido pelo seu linguajar de calão, o que não me parece condizente com um discípulo de Jesus.
Peço perdão pela demora na minha resposta, mas não tenho hábito de ficar vendo comentários do que escrevo, e somente hoje, desejando reler o que escrevi sobre este tema vi seu comentário.
Mas agradeço por sua pergunta. Quando é mencionado o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, com certeza não se fala de dinheiro. Porém, no texto de Lucas 11.42 temos a mesma fraseologia de Mateus 23.23, e de forma surpreendente Lucas 21.42 fala da oferta da viúva pobre, e também da oferta dos que iam depositá-las no gazofilácio. Para que servia o gazofilácio no Templo? Para os fieis depositarem ofertas e dízimos. Então, como explicar que a oferta seja em moeda? Isto não é dinheiro? E o formato do gazofilácio era para receber comida ou dinheiro? Bom, o bom senso nos ensina que dinheiro era uma das formas de se dar ofertas e dízimos no Novo Testamento.

Airton Williams disse...

Anelise, paz.
Peço perdão por não fazer comentário ao seu post, pois não tenho hábito de ficar olhando comentários do que escrevo.
mas sobre o que você disse, é necessário pensar. Quando aprendemos na escola a interpretação de texto, nossos (as) professores(as) nos perguntam: o que o autor quis dizer ou transmitir ao contar esta história. Nas regras hermenêuticas ao redor do mundo, não só aplicadas à Bíblia mas também a qualquer outro livro, pergunta-se sobre a intencionalidade do autor, e não sobre a intencionalidade das personagens.
Se para você são as personagens que criam o texto, então nada posso dizer, pois isto é surreal. Agora, se existe um escritor que cria ou usa histórias reais para comunicar uma mensagem, então Mateus é esse autor, que usou uma história real de Jesus, para ensinar uma comunidade de cristãos nascida posteriormente à ascensão do Senhor, sobre o dilema da observância da Lei. Neste caso, o dízimo fazia parte da discussão do problema.
Quando você menciona o livro de Atos você esquece que a intenção do seu autor era falar sobre a missão da igreja para os confins da terra (At 1.8), e toda a redação do texto se move nesta direção. Neste caso, não é intuito do seu autor discutir questões ético-eclesiásticas (como o dízimo, ceia do Senhor, e afins), mas questões ético-salvíficas, ou seja, questões que seriam pertinentes a salvação (como a guarda do Dia do Senhor, por exemplo, em At 15). Ou seja, os escritores (todos eles, em qualquer lugar do mundo, em qualquer literatura), é que determinam as questões que querem tratar. Mas o fato de você mencionar Atos ainda me remete ao problema de autoria. Quem é o autor de Atos? Não seria Lucas, o mesmo que escreveu o Evangelho? Se é o mesmo autor, porque ele trataria de dízimo em Atos, onde pretende falar sobre a missão da igreja para os confins da terra, se ele já havia tratado no Evangelho, Lucas 11.42 do tema do dízimo num bloco discursivo de natureza catequética (ético-eclesiástica e ético-salvífica)? Por fim, Atos é um livro uno com Lucas, o que mostra que o tema foi tratado.
E sobre Paulo? Por que não mencionou? Novamente, cada autor escreve a partir de questões próprias. As cartas de Paulo estavam envolvidas com questões ético-salvíficas suscitadas por judaizantes que defendiam que a observância da lei era necessária para a salvação. Sem negar a importância da lei, e a necessidade de observarmos o que ela diz, Paulo insiste que a salvação é pela fé.
Ainda seguindo seu raciocínio sobre importância, de que se não foi tratado em outros textos é porque não era necessário, lembro que Paulo não ensinou sobre o Cristo Sacerdote. Onde encontramos Paulo falando sobre isso? De forma surpreendente, somente Hebreus ensina isto. Então isto não tem importância porque só encontramos lá? E a ressurreição do Senhor? Também não aparece em vários textos do Novo Testamento. Isto significa que não é tão importante?
Meus comentários serve também para as objeções do Jonhatan.
Obrigado pela cordialidade das palavras.