domingo, 14 de agosto de 2011

ENTREVISTA COM O PR. AIRTON WILLIAMS - IGREJA EPISCOPAL CARISMÁTICA DO BRASIL - BRASÍLIA/DF: 2 ANOS DE POSTAGENS...

Há exatos dois anos, postávamos nosso primeiro texto: "Não andei ansiosos com coisa alguma".
Texto produzido pelo nosso Pastor, Airton Williams, enquanto de férias pelo nordeste brasileiro.
Hoje, depois de muitas caminhadas estamos aqui, com a Graça de Deus, firmes com nosso propósito de disseminar Sua Palavra. Estamos certos de que não escolhemos um caminho fácil, mas se olharmos para o sacrifício de Cristo e do seu amor por nós, nossa jornada será mais amena.
Para comemorarmos estes dois anos de blog, resolvemos fazer algumas postagens com alusão ao primeiro post de nosso blog e, aproveitando a consagração de 4 pastores da nossa igreja em Brasília, pedimos a 3 deles que escrevessem um pouco sobre o que eles esperam desta nova caminhada como pastores da Igreja Episcopal Carismática de Brasília. Além destes textos, que em breve serão postados, começaremos com uma entrevista com o Pastor Airton, que falará sobre a sua jornada como Pastor Episcopal.
Esperamos que vocês possam ser alcançados pela Graça de Nosso Senhor e que sejam abençoados por Ele. Fiquem com Deus e um grande abraço a todos.

Blog: Quando vc escreveu este texto, vc já era Pastor Episcopal. O quanto isto influenciou no seu texto? Quando eu escrevi “Não andeis ansiosos”, estava atravessando um momento curioso na minha vida. Até maio de 2009 trabalhei como professor da Faculdade Evangélica de Brasília, lecionando na área de línguas bíblicas e análise exegética da Bíblia. Ganhava razoavelmente bem. Em maio, quando fui ao cursilho e o Senhor falou comigo que era hora de voltar a pastorear, as coisas mudaram radicalmente para pior. A faculdade havia sido vendida,em Abril, e a partir de maio nossos salários não foram pagos. Quando escrevi o artigo estava a 3 meses sem salário, em Tabira-PE, e sem dinheiro para voltar para Brasília, vivendo à custa da minha sogra, naquele momento. Quando saí para a caminhada que inspirou aquele artigo, orei ao Senhor procurando entender o que estava acontecendo. Parecia-me estranho que, naquele momento em que tinha decidido voltar a pastorear, minha situação financeira complicasse do nada. Ali, Deus me ensinou, em definitivo, a confiar nele. Foi o que fiz. Como todos em nossa Igreja sabem, não recebo salário pelo meu trabalho. Nem naquela ocasião pedi remuneração. Decidi confiar em Deus, como ele me falara na caminhada que fiz. Foram 6 meses passando apuros financeiros, mas sendo suprido em tudo que precisava. O dia derradeiro desta prova foi em janeiro de 2010, quando desci a escada da casa pastoral, mesmo lugar em que congrega a igreja, olhei para minha esposa que cozinhava, vi meu filho brincando e subi para chorar, porque eu não tinha mais nenhum centavo para o dia seguinte. Guardei aquilo para mim, confiando em Deus. Naquele dia, dois irmãos, Atadeus e Teresa foram usados por Deus para me socorrer. A partir daquele dia Deus passou a nos abençoar financeiramente. Então, entendi de vez o que estava acontecendo. Quando Deus me falou, no cursilho de maio de 2009, que era hora de voltar, ele me colocou num novo deserto, a fim de me ensinar a confiar sempre nele, pois assim a igreja e a SEBI (instituição de ensino teológico que hoje presido) cresceriam, em total dependência dele.

Blog: Durante estes dois anos, você teve que lidar bastante com a pergunta: “o que vc está fazendo numa igreja católica?” Qual foi a sua maior dificuldade em lidar com esta situação? Nunca tive dificuldade em lidar com a ideia de ser católico. Sou de origem presbiteriana e confessávamos o Credo Apostólico, que diz: “creio na santa igreja católica”. A única coisa que me incomoda é ver tamanha ignorância teológica e histórica dos protestantes e evangélicos atuais que desconhecessem a natureza da verdadeira igreja de Jesus, a saber, uma igreja una, apostólica e católica. Todos que querem ser, verdadeiramente, cristãos, terão que assumir que são católicos, pois não estão presos à ideia de uma igreja denominacional, mas uma igreja com múltiplas formas de existência mas que caminha fiel a Cristo e sua Palavra. Como já disse num vídeo explicativo, somos católicos porque cremos numa igreja que é universal, manifesta nos mais diferentes grupos da fé cristã. Não somos católicos romanos, pois não nos sujeitamos à autoridade do papa de Roma e nem aos dogmas da tradição eclesiástica romana. Blog: O que você diria para alguém que vê a Igreja Episcopal como uma igreja católica? Primeiro, que estude a teologia bíblica e a história do cristianismo e deixe a ignorância; segundo, que conheça a própria Igreja Episcopal Carismática, leia a nossa doutrina, participe de um culto conosco dando atenção ao conteúdo, em vez de ficar olhando para a forma. Se nossa mensagem não for evangélica, então terá direito de criticar. Agora, criticar por causa da forma, é assinar atestado de preconceito.

Blog: Qual foi o maior desafio enfrentado pela Igreja Episcopal em Brasília? Creio que o maior desafio continue sendo manter-se fiel às Escrituras, não cedendo às pressões daqueles que acham conhecer a verdade de Deus por meio de suas experiências. Em 2010 o reverendo Dejacir teve o privilégio de ouvir nosso patriarca, Craig Bates, falando aos pastores do Brasil, onde dizia que ouviríamos muito que deveríamos ser mais batistas, ou mais pentecostais, ou mais católicos. Mas que nosso desafio sempre seria o de sermos fiéis a Deus por meio das Escrituras. Pensar nossa fé e nossa prática totalmente a partir das Escrituras, é um desafio permanente para as Igrejas que queiram servir com fidelidade a Deus.

Blog: Nós que conhecemos a sua jornada, sabemos das dificuldades e da sua reticência em se tornar pastor episcopal. O quanto o cursilho foi determinante nesta sua decisão?
Como você bem colocou, até o cursilho de maio de 2009 eu relutei muito em aceitar o convite para voltar a pastorear. Em 2007 Deus havia me levado a um deserto de muitas dores para curar meu coração de pecados que lutavam dentro de mim. Perdi a confiança de muitos, a credibilidade ministerial; perdi amigos, perdi tudo. Mas não perdi ao Senhor, aceitando toda a disciplina que ele me impôs. No final de 2008 eu já tinha saído do deserto, mas não queria voltar ao pastorado. Somente fui ao cursilho por insistência do nosso Arcebispo e Primaz, Dom Paulo Garcia. E foi ali, naquele santo lugar, que o Senhor veio ao meu encontro, me fez entender que era hora de voltar. No cursilho, Deus tratou de algumas coisas ainda não resolvidas em meu coração. Sou grato a Deus pela vida do reverendo Alexandre Lins, da paróquia de Caruaru-Pe, ex-aluno no programa de mestrado em Novo Testamento, que tanto insistiu para que eu viesse para a Igreja Episcopal e que me apresentou a Dom Paulo; também sou grato ao nosso Arcebispo por acreditar que um homem caído, morto em seu pecado, pode ressuscitar no poder do Espírito Santo, e ser restaurado ao seu chamado.
Blog: Uma vez, diante da pergunta do porquê abrirmos uma igreja episcopal em Brasília, uma vez que bastaria apenas que o grupo formado abrisse uma igreja qualquer e juntos congregasse na mesma fé professada, a sua resposta foi que isto seria rebeldia, que se a nossa igreja não tivesse nada de diferente para oferecer, seríamos apenas mais uma igreja em pecado. O que você diria para as pessoas que abrem igrejas de maneira indiscriminada, sem olhar para a Palavra de Deus, apenas porque estão com alguma discórdia dentro de suas igrejas? O que eu diria? Que se arrependam da soberba do coração que os faz acreditar que são donos da verdade, e que nenhuma outra igreja pode suprir suas expectativas.
Blog: Você sempre fala das suas experiências como seminarista ou como pastor presbiteriano. Qual a sua grande experiência como Pastor Episcopal? Eu não saberia pontuar a “grande” experiência, mas poderia pontuar algumas. Primeiro, é na Igreja Episcopal Carismática do Brasil que Deus está me dando a oportunidade de recomeçar meu ministério, e quando vejo o crescimento consistente, bíblico e maduro dos membros de nossa paróquia, não tenho como não agradecer a Deus por fazer parte deste projeto. Foi na Igreja Episcopal que pude desenvolver um ministério à luz do que, de fato, acreditava: uma igreja bíblica, litúrgica, sacramental, comprometida com o reino de Deus em toda a sua magnitude, o serviço a Deus e ao próximo. Em 2 anos de ministério estamos com 3 missões em andamento, Planaltina, Araraquara, Goiânia, e mais uma nova paróquia, na Asa Norte. São 4 novos pastores ordenados em nossa região. Além de inúmeras histórias que temos a contar juntos, de tantas experiências que já vivemos juntos.


Blog: As pessoas falam que, como igreja, somos muito frios - não damos glória a Deus, não gritamos aleluia - durante os cultos; alguns até se sentem “intimidados” pela nossa maneira de cultuar ao Senhor. Você acha que eles estão certos? O “calor” de um culto não se faz sentir pelas manifestações emocionais que expressamos durante o mesmo. As manifestações emocionais podem ser de vários fatores, entre eles, o mais comum, é a catarse psicológica; pessoas chegam machucadas, desesperançadas, ouvem uma palavra que lhes toca o coração naquela situação, ou uma música, e acham que isto é o toque de Deus. Daí dão glória, aleluia, etc., mas quando terminam o culto, voltam vazias para as suas casas, não levam nada em seus corações que, de fato, produzirá mudanças. Ou sejam, elas deixam algo no culto (suas emoções feridas), por isso se sentem leves, mas não levam nada que as preencha, a não ser esperanças vazias. O “calor” do culto se faz sentir pela confrontação da Palavra com nossas vidas, que nos faz refletir em nossos pecados e nos chama à santidade no viver com Deus. Não consigo imaginar pessoas sendo confrontadas e transformadas em seu caráter, mediante a exposição da Palavra, dando glória a Deus, aleluia; pessoas quando são confrontadas pela santidade de Deus e sua Palavra, e a pecaminosidade do próprio coração costumam dizer: “perdoa-me, ó Deus”. Cultuar é sempre um encontro com o Deus que é Santo, Santo, Santo, e isto não é uma festa, mas uma contrição. Lamento por aqueles que confundem o calor da presença de Deus com gritos e barulhos, e não com a transformação do coração segundo à vontade do Senhor.
Blog: Outras pessoas acham que somos muito irreverentes, que não somos uma igreja séria. Isto é verdade, porque tanta confusão? Os que nos acham irreverentes não nos conhecem, se andassem conosco saberiam quão à sério levamos as coisas de Deus, a realidade do pecado e a necessidade do redentor, Jesus. Agora, imagino que pensem esta besteira porque estão acostumadas com igrejas legalistas, cheias de regras, que estabelecem o que pode e o que não pode na conduta cristã, em vez de investirem no crescimento espiritual dos seus membros para que eles possam discernir, biblicamente, o que pode e o que não pode. São pessoas acostumadas a serem manipuladas por líderes que se fantasiam de deus e ditam a forma como elas devem viver. Há tanta bizarrice no meio evangélico que é chamada de “séria”, como a tal da cobertura espiritual, a lei da semeadura, e etc., que prefiro ser considerado por estes como irreverente do que me sujeitar as bobagens desta geração evangélica sem Cristo, sem arrependimento, sem conversão, sem Palavra. E espero que nossa igreja seja assim também, aprendendo a viver por direção do Espírito Santo, mediante um exame sério das Escrituras, e não por conta dos mitos e lendas de tantos falsos profetas.
Blog: Como você avalia o crescimento da igreja em Brasília? Antes de responder diretamente a esta pergunta, vale uma observação: não me preocupo com crescimento de igreja, pois quem dá o crescimento é Deus. Preocupo-me em estar sendo fiel a Palavra dele, quer pregando, quer vivendo. Se o crescimento fosse parâmetro da bênção de Deus, o remanescente fiel de Israel seria o grupo errado; o cristianismo primitivo seria uma mentira; a reforma protestante uma distorção, e por aí vai. O cristianismo fiel sempre foi uma minoria, e sempre que cresceu exageradamente, se perdeu, por se acomodar à cultura de sua época, buscando aceitação. Pois bem, tendo feito esta observação, creio que o crescimento de nossa igreja é muito bom. Há 2 anos atrás começamos com 12 pessoas, sendo 3 crianças. Hoje, temos aproximadamente 70 confirmados (membros efetivos). Percentualmente, crescemos 500%; há dois anos éramos uma missão (congregação) em Brasília, hoje temos 2 paróquias e 3 missões, ou seja, crescemos 4 vezes mais. São números interessantes, mas tudo isto é tolice, pois o que importa é saber se estas pessoas estão em Cristo, salvas, comprometidas com o reino de Deus, transformadas em seu caráter. Deus me livre de começar a ver pessoas como números. Quero conhecer uma por uma pelo nome, e mais do que lhes ser pastor, ser uma amigo.
Blog: você recebe muitos convites de outras igrejas para cursos, palestras, ou mesmo para pregar; a que você atribui estes convites, uma vez que, em geral, a linha destas igrejas bate de frente com o que é pregado? Este é um fato realmente interessante. Neste ano tive que brecar minha agenda e atender somente uma igreja por mês, e isto aos sábados, a fim de não atrapalhar minha vida familiar e meu ministério na igreja local que pastoreio. Eu costumo brincar com a quantidade de convites dizendo que sou convidado porque não cobro cachê, me tornando uma alternativa barata para muitas igrejas (risada). Mas falando sério, creio que estes convites são fruto da seriedade do meu ministério em torno da Palavra de Deus, que chama o homem ao arrependimento e a viver para a glória de Deus. Agora, me surpreende que estes convites venham, esmagadoramente, de igrejas pentecostais e neopentecostais, pois a mensagem da cruz depõe diretamente contra aquilo que estes grupos têm ensinado. E mais surpreendente é o fato de ser convidado a voltar 2, 3, 4 vezes na mesma igreja, onde, geralmente, a mensagem costuma ser de confrontação. Outra razão para tantos convites é o fato de muitas pessoas nas igrejas, inclusive pastores, estarem cansados destas mensagens de autoajuda, autoestima, de vitória, bênção, que se mostram ópio, de fato, para um povo cansado, sofrido, mas que precisa crer em alguma coisa para dar sentido na sua caminhada. Quando ouvem a mensagem do evangelho que nos faz perceber a nossa pecaminosidade e plena satisfação que existe em estarmos em Cristo, eles descobrem uma mensagem renovadora. Assim, acabo voltando, ainda que muitos líderes destas igrejas torçam o nariz (risada).
Blog: Você acha que pode planejar os próximo anos da igreja em Brasília ou você prefere esperar a direção de Deus? Planejar? Esta é outra bobagem que surgiu na igreja evangélica, sem nenhuma base bíblica. Nosso planejamento deveria ser: pregarmos a Palavra de Deus com fidelidade interpretativa, chamar os homens ao arrependimento, inseri-los numa comunidade onde os dons são vividos espontaneamente num serviço cristão no mundo que glorifique a Deus. Não sou de planejar nada, apenas procuro ver para onde Deus está levando a história de nossa igreja a fim de caminhar com Ele, e não contra Ele. Este é outro grande desafio em minha vida: discernir para onde Deus está levando a nossa história a fim de me manter fiel à vontade dele.
Blog: para encerrar, o que você diria para as pessoas que estão começando sua vida na fé em Cristo, que estão se convertendo agora e buscam viver o evangelho verdadeiro?
Que examinem as Escrituras, porque elas nos testificam de Cristo e da sua verdade. Agora, examinar é muito mais do que ler. Examinar implica em estudar com seriedade o texto sagrado, procurando compreender o que ele realmente ensina, a fim de não sermos enganados por profetas enganadores que de posse da Bíblia ensinam as interpretações mentirosas dos seus corações. Examinar as Escrituras significa procurar saber o que quis dizer o autor inspirado pelo Espírito ao escrever. Um simples exame das Escrituras seria suficiente para fazer cair este falso evangelho que está em nosso meio nestes dias. Além de examinar as Escrituras, aconselho que decidam ter suas mentes cativas das Escrituras Sagradas, de tal forma que nada tenho peso de autoridade para sua vida se não estiver declarado na Palavra de Deus. Exame sério das Escrituras e uma mente cativa à Palavra te levará a experimentar o poder de uma vida centrada na glória de Deus.

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