Do coração procedem as fontes da vida, assim diz Provérbios 4.23. Uma vida de shalom, uma vida de paz que renove e transforme nossas histórias e relacionamentos, depende essencialmente, de sabermos cuidar do nosso coração a fim de evitarmos que suas fontes sejam contaminadas e contaminem a vida que dele jorra em nós. Mas como cuidar de um coração ao qual a Bíblia chama de “enganoso” e “corrupto”?
A psicologia moderna, principalmente na sua vertente de auto-ajuda, tem ensinado as pessoas a cuidarem dos seus corações deixando-os livres para fazerem aquilo que sentem vontade. Numa sociedade hedonista, onde o prazer é senhor que rege as decisões, parece ser sensato permitir ao coração fazer suas escolhas. Com isto, os limites se esvaem e cada um passa a fazer o que melhor lhe parece. Como conseqüência, passamos a conhecer uma sociedade sem rumo, sem perspectiva e que canta e dança com alegria a falta de caráter. Recentemente, em viagem para Fortaleza e Recife, ouvi algumas canções que embalam várias festas pelo país a fora que exaltam a promiscuidade, a embriaguez e o adultério, como se fossem atos nobres. Tudo isto feito em nome da liberdade do coração.
Observe, à medida que permitimos aos nossos corações tomarem decisões por si mesmos nossa sociedade, relacionamentos e vida apenas se afundam num poço profundo de vazio existencial. Por isso, a Bíblia insiste que o coração de fato é “corrupto”, ele ama o que não presta por causa da pecaminosidade que lhe é inerente. Como conseqüência disto, nossa história chafurda num caos profundo de desordem, desrespeito e falta de vergonha.
Como se vê, o caminho para um coração saudável não é dar-lhe o que deseja, mas oferecer-lhe o que ele necessita. E o que nossos corações necessitam é de amor genuíno (não ilusório) e orientação. Disto decorre a necessidade que temos de conhecer o amor de Deus, amor que transforma os nossos corações, nos dá uma nova maneira de sentir e de viver.
Todavia, o amor de Deus só pode ser conhecido a partir do momento que nossos corações lhe são entregues plenamente em confiança, por fé, na certeza de que o nosso Criador tem algo melhor e superior a nos oferecer. Assim, Provérbios insiste: “Filho meu, dá-me o teu coração”. Ou seja, o caminho não é entregar nossos corações àquilo que ele quer, ou deseja, mas entregar ao seu Criador, Aquele que o fez e bem o conhece. Por isso, Agostinho expressou, após ter vivido de tudo o que o pecado lhe oferecia: “Nossos corações só descansarão quando voltarem para ti mesmo, oh Deus, pois o fizeste com o tamanho exato de ti mesmo” (Confissões).
Vida de shalom depende de um coração em paz com Deus, em paz com seu Criador, pois Deus fez nossos corações para Si mesmo, e enquanto fugirmos do Criador somente experimentaremos sensações de paz, deixando de perceber que estas mesmas sensações criam vazios profundos dentro de nós. O que é real e verdadeiro é a paz que encontramos ao encontrarmo-nos com nosso Deus e Salvador, Jesus. Por isso, que nosso desejo seja de voltarmos nossos corações para Deus a fim de sermos curados e abençoados em nossa jornada. Provérbios diz: “Filho meu, dá-me o teu coração”. Que nossa oração por hoje seja: “Pai, eis o meu coração em tuas mãos, cumpre em mim o teu querer”. O querer de Deus e sua orientação entenderemos na próxima reflexão. Que Deus nos abençoe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário